Você já recebeu ligações de números de celular muito parecidos com o seu, ou com dígitos finais diferentes? Muitas vezes, esses contatos não correspondem ao número que aparece no identificador de chamadas. O fenômeno se deve ao “spoofing numérico”, uma técnica que altera dados da ligação por meio de programas de computador.
Como funciona o ‘spoofing’ numérico:
“Spoofing”, que significa “falsificação” em inglês, envolve a modificação do número de origem da chamada para se disfarçar como uma linha telefônica comum, induzindo a vítima a atender. A adulteração é frequentemente realizada por meio de servidores VoIP (Voz sobre Protocolo de Internet), que se conectam à rede de telefonia pela internet.
Esses servidores, utilizados para gerenciar ramais em empresas, podem ser explorados para alterar metadados da ligação, como o CallerID (identificador de chamadas). Com isso, golpistas se camuflam para aplicar fraudes. Em alguns casos, a ligação pode ser mudada, indicando uma tentativa de verificar se o número está ativo.
“As ligações mudas são normalmente feitas através de sistemas de telemarketing. A ligação é completada, mas os atendentes não têm tempo de pegar. Então, acaba ficando mudo”, explica Wanderson Castilho. “Também pode ser para ver as linhas ativas e ter um banco de dados mais certeiro, seja para fazer golpe ou vender algo”.
Solução em andamento:
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) criou um sistema de autenticação de ligações, implementado em parceria com operadoras. A partir de 17 de novembro, ligações de empresas que realizam mais de 500 mil chamadas por mês deverão exibir um selo ✅ na tela do celular, confirmando a autenticidade do número.
O objetivo é proteger os consumidores de golpes e chamadas indesejadas. No entanto, a autenticação completa de todas as ligações só será obrigatória em 2028.
O que fazer enquanto isso:
Enquanto o sistema de autenticação não for totalmente implementado, algumas medidas podem ajudar a reduzir o número de chamadas indesejadas:
- “Não Me Perturbe”: Bloqueia ligações de operadoras e bancos legítimos (disponível em naomeperturbe.com.br).
- Recursos do celular: Alguns dispositivos Android possuem ferramentas que identificam e bloqueiam chamadas suspeitas (verifique nas configurações por “Proteção ID” ou “Spam”).
- iPhone: Utilize o recurso “Perguntar motivo da ligação”, que atende as chamadas automaticamente por um robô.
- Aplicativos: Whoscall e Truecaller são exemplos de aplicativos que identificam e bloqueiam chamadas (podem ter custos adicionais).
- Bloqueio de números: Bloqueie números desconhecidos, mas esteja ciente de que isso pode impedir o recebimento de chamadas importantes.
A Anatel orienta os consumidores a registrar reclamações em seu site caso o problema persista.