Quando o assunto é arte na Amazônia, o nome de Laurimar Leal, falecido em 2024 aos 86 anos, logo vem à mente. Pintor, escultor, artesão, poeta, cantor e compositor, o artista santareno se tornou uma lenda viva, com mais de sete décadas dedicadas a expressar a riqueza da cultura local e da região em suas obras.
Natural de Santarém (PA), Laurimar Leal retratou em suas criações a história da cidade e a realidade amazônica, incluindo elementos marcantes como o Festival Folclórico de Parintins. Sua paixão pela arte começou na infância, com pinturas e artesanato em cerâmica, e se desenvolveu ao longo de uma vida dedicada à expressão artística.
Quem foi Laurimar Leal?
Nascido em 24 de julho de 1939, filho de Joaquim de Sousa Leal e Julieta Brígida dos Santos, Laurimar foi criado pelas tias Raquel e Judith de Souza, que o incentivaram a explorar seu talento desde cedo. Aos 9 anos, já realizava seus primeiros trabalhos, como a criação de presépios para a prefeitura de Santarém.
Na adolescência, Laurimar se dedicou à pintura, escultura e restauro, além de criar figurinos e adereços para o carnaval da cidade. Em 1960, formou o grupo musical Os Brasas, atuando como cantor e compositor.
O início da carreira e reconhecimento
Em 1961, Laurimar foi para o Rio de Janeiro para estudar na Escola de Belas Artes, aprimorando suas técnicas por cinco anos. Ao retornar a Santarém, em 1966, fundou a agremiação Ases do Samba, junto com Renato Sussuarana, criando letras e alegorias para os desfiles de carnaval.
Sua arte chamou a atenção de figuras importantes, como o renomado paisagista Roberto Burle Marx, que visitou Santarém em 1989 para conhecer o trabalho de Laurimar. Em 1995, o artista recebeu um convite para realizar um intercâmbio cultural em Paris, onde suas pinturas sobre lendas amazônicas foram muito elogiadas, sendo classificadas como de estilo “surrealista amazônico”.
De volta ao Pará, Laurimar Leal assumiu a direção do Centro Cultural João Fona, onde continuou a produzir obras que retratavam a cultura indígena e os povos originários da Amazônia. Mesmo com a perda gradual da visão devido ao glaucoma, ele continuou a pintar até perder completamente a capacidade de enxergar.
Legado e homenagens
Laurimar Leal recebeu diversas homenagens ao longo de sua vida, incluindo o lançamento do documentário ‘Laurimar e outras lendas’ em 2010. Em 2023, foi inaugurado o Museu Virtual da Amazônia Laurimar Leal (MUVALL), um espaço online dedicado a divulgar sua obra e manter seu legado vivo.
O artista, que viveu com uma pensão da prefeitura de Santarém, é um símbolo da riqueza cultural da Amazônia e um exemplo de dedicação e amor pela arte. Sua obra continua a inspirar artistas e a encantar pessoas em todo o mundo.











