17 de outubro de 2024

Justiça solta técnico preso por suspeita de injúria racial após jogo

Hugo Duarte, treinador português do JC Futebol Clube, foi libertado após pagar R$ 42 mil de fiança

Nesta quarta-feira (10), o Tribunal de Justiça da Bahia concedeu liberdade provisória ao técnico português Hugo Miguel Duarte Macedo, preso na última segunda-feira (8) por suspeita de injúria racial contra Suelen Santos, zagueira do Bahia. O incidente ocorreu após a partida entre os dois clubes pelas quartas de final da Série A2 do Campeonato Brasileiro Feminino, no Estádio de Pituaçu, em Salvador.

Suspeita de racismo mancha festa do Bahia pelo acesso à Série A1

Medidas cautelares

Após a audiência de custódia, a juíza Marcela Moura França estabeleceu várias medidas cautelares para a soltura de Hugo Duarte. Entre elas, o pagamento de uma fiança de 30 salários mínimos, equivalente a R$ 42 mil, e a obrigação de manter uma distância mínima de 200 metros de Suelen Santos. O treinador, de 44 anos, também deverá comparecer em juízo a cada dois meses por um ano e não poderá sair de Manaus, onde reside, sem autorização judicial.

Confusão após o jogo

O incidente aconteceu na noite de segunda-feira (8), após o jogo de volta das quartas de final da Série A2. O Bahia, que já havia vencido a primeira partida por 2 a 0, garantiu o acesso à Série A1 de 2025 com um empate sem gols. Durante a comemoração, houve um bate-boca entre as jogadoras do Bahia e o técnico Hugo Duarte. Em meio à confusão, Suelen relatou à árbitra que foi alvo de insultos racistas por parte do treinador. A Polícia Militar foi acionada e levou todos os envolvidos à Central de Flagrantes, onde o boletim de ocorrência foi registrado. Duarte negou as acusações, mas foi preso por suspeita de injúria racial.

Apoio e repercussão

Nesta quarta-feira (10), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) da Bahia manifestou seu apoio a Suelen Santos e às jogadoras do Bahia, em uma nota oficial publicada no site da entidade. A OAB criticou duramente o comportamento de Hugo Duarte, classificando-o como machista e misógino, e destacou a importância de combater atitudes racistas e machistas no futebol feminino, um espaço de empoderamento e diversidade.

Na noite de segunda-feira (8), tanto o Bahia quanto o JC Futebol Clube repudiaram o ocorrido através de notas oficiais em suas redes sociais. No dia seguinte, Suelen Santos também usou suas redes sociais para se manifestar sobre o episódio no Estádio de Pituaçu.

“A Constituição Brasileira garante o direito de ser tratado como igual, sem discriminação de etnia e raça”, afirmou Suelen. “A expressão racista ‘macaca’ tenta silenciar minha figura como mulher preta no esporte, mas a denúncia é minha arma para combater o racismo.”