Em um Acre em transformação, a história de Irene Holanda Silva se destaca como um marco na representatividade feminina na política. Nascida em Rio Branco, filha de soldados da borracha e servidora pública municipal, Irene foi a primeira mulher a assumir o comando do executivo municipal, ainda que de forma interina.
A lembrança dessa pioneira é resgatada pelo historiador José Wilson Aguiar, que contextualiza o período de 1930, quando Getúlio Vargas extinguiu as prefeituras e Câmaras Municipais em todo o Brasil. Vargas passou a nomear os gestores das capitais, e Irene, então secretária de Administração, assumiu a prefeitura de Rio Branco em diversas ocasiões durante as ausências do prefeito Jorge Félix Lavocart.
“No dia 7 de novembro de 1930, com a ascensão de Getúlio Vargas ao poder, as prefeituras e Câmaras Municipais foram extintas em todo o país. A Constituição de 1937 previa eleições para prefeito e vereador, mas o golpe de 1937 adiou essas eleições. Irene Holanda da Silva foi a primeira prefeita interina de Rio Branco, assumindo o cargo sempre que o prefeito estava ausente”, explica Aguiar. Na época, não havia vice-prefeito ou vereadores, o que tornava a atuação de Irene ainda mais relevante.
Aguiar ressalta que existem diversos documentos e decretos assinados por Irene que comprovam seu exercício interino. “Assim como acontece hoje, em algumas situações, com o secretário Valtim José, que assume como prefeito em ausência do titular, Irene Holanda da Silva exerceu a função de prefeita interina”, completa o historiador.
Em 1953, durante o governo de João Gabriel Ramos, Irene Holanda foi nomeada secretária de Administração, assumindo também as funções de prefeita na ausência do governador João Kubitschek de Figueiredo, nomeado pelo presidente Juscelino Kubitschek.
A trajetória de Irene Holanda Silva antecede e inspira outras mulheres a ocuparem cargos de destaque na política acreana. A ex-governadora Iolanda Fleming foi a primeira mulher a chefiar o estado, e Regina Lino atuou como vereadora, vice-prefeita e deputada federal, além de secretária municipal.
Após se aposentar do serviço público, Irene Holanda Silva mudou-se para o Rio de Janeiro, onde faleceu. Sua história, no entanto, permanece viva como um testemunho da força e da determinação das mulheres acreanas.
*Com informações da Prefeitura de Rio Branco











