As importações de café brasileiro pelos Estados Unidos registraram uma queda de 51,5% no período acumulado entre agosto e outubro, em comparação com o mesmo intervalo de 2023, conforme dados divulgados pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) nesta quarta-feira (12).
Entre o início da aplicação das tarifas e o final de outubro, os embarques para os EUA totalizaram 983.970 sacas de 60 kg, um volume significativamente menor que os mais de dois milhões de sacas registrados no mesmo período do ano anterior.
Impacto das tarifas
“O Brasil sempre foi o produtor mais competitivo e o principal fornecedor de café para o mercado americano, mas a taxação de 50% torna o envio do produto inviável. Os embarques que observamos atualmente são referentes a contratos antigos”, explica Márcio Ferreira, presidente do Cecafé. Ele expressa preocupação com a possibilidade de uma mudança nos hábitos de consumo dos norte-americanos, com o aumento da utilização de blends de café que não incluem o grão brasileiro.
De janeiro a outubro, a redução nas importações americanas foi de 28,1% em relação a 2023, totalizando 4,7 milhões de sacas. Apesar da queda, os EUA continuam sendo o principal destino do café brasileiro, respondendo por 14,2% das vendas totais.
Possível revogação das tarifas
Representantes da indústria cafeeira dos EUA informaram ao Cecafé que a Casa Branca está avaliando a retirada das tarifas sobre o café brasileiro, em resposta à necessidade do produto e ao aumento dos preços internos. No entanto, a suspensão das taxas depende de uma sinalização positiva do governo brasileiro em relação a “condições desejadas”, segundo o Cecafé.
Na terça-feira, o presidente Donald Trump declarou que irá reduzir “algumas tarifas” sobre as importações, sem especificar os países envolvidos, conforme relatado pela agência Reuters. Atualmente, o café está enquadrado na seção 3 da ordem executiva assinada por Trump, que abrange recursos naturais não produzidos nos EUA. Para que as tarifas sejam suspensas, é necessário um acordo bilateral entre os países, com o Cecafé buscando a transferência do café para a seção 2, que permite a importação com tarifa zero.
Além do impacto nos EUA, as exportações totais de café, incluindo outros destinos, diminuíram 20% em outubro, em comparação com o mesmo mês de 2023, totalizando 4 milhões de sacas ante 5 milhões. Apesar da queda em volume, a receita obteve um crescimento de 12,6%, atingindo US$ 1,6 bilhão. No acumulado do ano, a queda em volume foi de 20,3%, enquanto a receita cambial aumentou 27,6%, de US$ 9,9 bilhões para US$ 12,7 bilhões.
Márcio Ferreira também aponta outros fatores que contribuem para o cenário atual: “O recuo das exportações era esperado, considerando que vínhamos de remessas recordes em 2023 e de uma safra com menor potencial produtivo. A situação foi agravada pela infraestrutura defasada nos portos brasileiros, que impede o embarque de centenas de milhares de sacas.”
A Alemanha, segundo maior importador de café brasileiro, reduziu suas compras em 35,4% entre janeiro e outubro, em comparação com 2023. A Itália também registrou uma queda de 19,7%, enquanto o Japão aumentou suas importações em 18,5% e a Bélgica diminuiu em 47,5%.








