Impactos Climáticos: Como Desmatamento e Queimadas Modificam o Clima no Norte

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Impactos Climáticos: Como Desmatamento e Queimadas Modificam o Clima no Norte

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Ausência de Chuvas Intensas: Repercussões na Biodiversidade, Qualidade do Ar e Vida Local na Amazônia

A reiterada falta de chuvas intensas na Amazônia tem desencadeado efeitos notáveis sobre a biodiversidade, a qualidade do ar e o cotidiano dos habitantes locais.

Vania Neu, professora da Universidade Federal Rural do Pará e doutora em ecologia, enfatiza que fenômenos como o El Niño, atualmente um dos principais causadores da escassez de chuvas em partes da Região Norte, são ocorrências naturais e já esperadas pelos especialistas. No entanto, alerta para a redução no intervalo entre eventos climáticos extremos.

“Numerosos estudos indicam que os fenômenos que ocorriam a cada 20 anos agora estão se manifestando com maior frequência. Conforme as projeções, se continuarmos a modificar nosso ambiente sem precauções, a periodicidade desses eventos pode ser anual. A cada dois anos esses eventos podem se repetir”,
comenta.

Neu elucidou que ações incontroladas de desmatamento e incêndios podem ampliar a frequência de períodos de chuvas ou secas extremas, o que impede a regeneração florestal adequada.

“Assim, à medida que esse ambiente se torna mais seco, os incêndios ocorrem com maior frequência. Chegará um ponto em que não veremos a recuperação dessa floresta densa, mas sim a emergência de uma vegetação mais dispersa, semelhante à Savana ou ao Cerrado. Muitas pesquisas indicam que, em 2080, já enfrentaremos um cenário muito mais árido”,
adverte.

E enquanto as atividades humanas continuam a influenciar as mudanças climáticas e ambientais, a especialista destaca que a vivência das populações nessas regiões torna-se insustentável.

“Isto acarreta outras consequências como a presença de fumaça, provocando problemas de tosse, asma, conjuntivite, e reações alérgicas. Indivíduos com problemas cardiorrespiratórios são mais afetados, podendo inclusive levar a óbitos. Mas, se os peixes morrem, se os rios secam, como eles se alimentarão? As comunidades ficam isoladas, pois na Amazônia, os rios são as vias de acesso. Não temos acesso de carro, então como alcançaremos essas pessoas?”, questiona.

Conforme informado pela Defesa Civil no Amazonas, 59 dos 62 municípios encontram-se em estado de emergência, e até este sábado (21), 557 mil pessoas foram afetadas pela seca.