Um observatório científico localizado na Ilha de Tatuoca, no Pará, será o palco de um projeto inovador de construção sustentável desenvolvido em parceria entre a Universidade Estadual Paulista (Unesp) e a Universidade Federal do Pará (UFPA). A iniciativa, financiada pelo Programa Integrado de Desenvolvimento Sustentável da Região Amazônica (Pró-Amazônia) do CNPq, busca criar um sistema de construção leve, resistente e modular, utilizando recursos naturais típicos da região.
O projeto é uma evolução da “Casa da Floresta”, também criada por pesquisadores da Unesp, que utiliza bambu e folhas de buçu em sua estrutura geodésica. A nova proposta visa ir além, com a criação de módulos pré-fabricados, fáceis de transportar e montar, ideal para as dificuldades logísticas enfrentadas em comunidades ribeirinhas.
“Diferentemente da Casa da Floresta, onde montamos um pavilhão geodésico, nesse projeto queremos criar peças modulares pré-fabricadas, que sejam leves e que possam ser colocadas em um barco e montadas no próprio local”, explica a arquiteta Juliana Cortez, da Unesp.
A escolha da Ilha de Tatuoca não é aleatória. Desde 1957, a ilha abriga um Observatório Magnético, importante para o estudo do campo geomagnético terrestre. A localização estratégica, próxima ao Equador geográfico e magnético, e a ausência de interferências humanas e elétricas, tornam o local ideal para pesquisas e, agora, para testar a nova tecnologia de construção.
A sensibilidade dos equipamentos do observatório exige um ambiente livre de materiais ferromagnéticos, como aço, que podem alterar as medições. A utilização de materiais naturais na construção é, portanto, fundamental. Os pesquisadores esperam que, uma vez testada e aprovada na ilha, a tecnologia possa ser aplicada em outras regiões da Amazônia, facilitando a construção de moradias e infraestruturas em áreas de difícil acesso.
O projeto conta com a coordenação do professor Carlos Emmerson Ferreira da Costa, da UFPA, e se baseia no conhecimento acumulado pelo Laboratório de Óleos da Amazônia, que pesquisa e desenvolve aplicações para insumos da região. A expectativa é que a iniciativa impulsione o uso de materiais sustentáveis e adaptados à realidade amazônica, promovendo o desenvolvimento social e a preservação da floresta.
A ilha de Tatuoca, localizada a 12 km de Belém, é um local estratégico para a ciência, mas também um exemplo da importância de soluções inovadoras para os desafios da Amazônia. A construção sustentável, com materiais locais e técnicas adaptadas, pode ser uma chave para um futuro mais equilibrado e próspero na região.











