Turistas de todo o mundo têm recorrido à inteligência artificial (IA) para planejar suas viagens. No entanto, relatos recentes indicam que as ferramentas de IA, como ChatGPT, Microsoft Copilot e Google Gemini, estão apresentando informações incorretas ou até mesmo inventando destinos, o que pode comprometer a segurança e a experiência dos viajantes.
Alucinações da IA: um risco real
Miguel Ángel Gongora Meza, fundador e diretor da Evolution Treks Peru, relata ter ouvido dois turistas planejando uma caminhada sozinhos no Cânion Sagrado de Humantay, no Peru. O problema é que esse cânion não existe, sendo o nome uma combinação de dois locais distintos. Os turistas pagaram cerca de R$ 850 por um trajeto que os levou a uma estrada rural, sem guia e sem o destino prometido. Gongora Meza alerta que essa desinformação pode ser perigosa no Peru, devido à altitude, às condições climáticas e à dificuldade de acesso a algumas áreas.
Casos semelhantes foram relatados em outros países. Dana Yao e seu marido usaram o ChatGPT para planejar uma caminhada no monte Misen, na ilha de Itsukushima, no Japão. A IA informou que o último teleférico desceria às 17h30, mas, quando chegaram ao local, descobriram que o serviço já havia sido encerrado, ficando presos no topo da montanha.
Inventando destinos e rotas inviáveis
Em 2024, o site Layla sugeriu a um usuário que havia uma Torre Eiffel em Pequim, na China. Outro turista britânico recebeu uma rota de maratona no norte da Itália que era considerada inviável. Pesquisas indicam que 37% dos usuários de IA para planejamento de viagens relataram informações insuficientes, enquanto 33% afirmaram ter recebido recomendações falsas.
De acordo com Rayid Ghani, professor de aprendizado de máquina da Universidade Carnegie Mellon, nos Estados Unidos, os programas de IA analisam grandes volumes de texto e combinam palavras e frases que parecem apropriadas, mas não possuem uma compreensão real do mundo físico. Isso pode levar a “alucinações”, em que a ferramenta inventa informações.
Regulamentação e precaução
Governos estão estudando a regulamentação da IA para identificar a desinformação. No entanto, especialistas alertam que a prevenção é difícil e que a mitigação, ou seja, a verificação das informações, é mais confiável. A recomendação é que os viajantes sejam específicos em suas consultas e confirmem todos os detalhes antes de partir.
Javier Labourt, psicoterapeuta clínico, ressalta a importância de manter a mente aberta e se adaptar a imprevistos durante a viagem. Ele enfatiza que, mesmo com informações incorretas, é possível aproveitar a experiência e aprender com a cultura local.









