O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, denunciou nesta quinta-feira (26) o uso de empresas abertas nos Estados Unidos para lavagem de dinheiro proveniente do crime organizado e o contrabando de armas para o Brasil. Ele solicitou a colaboração do governo norte-americano para combater essas práticas.
Operação Financeira
Segundo Haddad, o crime organizado remete recursos para empresas, especialmente em Delaware (EUA), por meio de empréstimos com suspeita de não serem pagos. Esses recursos retornam ao Brasil disfarçados como investimento estrangeiro direto. O ministro classificou essa manobra como uma “triangulação internacional gravíssima”, citando uma operação recente de R$ 1,2 bilhão.
“Queremos pautar, com os Estados Unidos, conversas sobre crime organizado. Estão abrindo empresas em Delaware. Faz um empréstimo para esses fundos, que é a suspeita da Receita de que jamais serão pagos, e voltam em forma de aplicação no Brasil, como se fosse um investimento estrangeiro direto”, disse Haddad a jornalistas.
Contrabando de Armas
Haddad também informou sobre o ingresso de armas de fogo no Brasil, provenientes dos Estados Unidos, por meio de contêineres e peças de reposição. Ele solicitou a criação de um grupo de trabalho conjunto com os EUA para inibir o contrabando de armamento ilegal. “Se queremos impedir que a droga chegue lá, é fundamental que iniba o crime nos territórios impedindo que o armamento pesado chegue ao Brasil”, declarou.
Operação contra a Refit
As declarações do ministro foram feitas após a operação da Polícia Federal contra o Grupo Refit, considerado o maior devedor de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, e um dos maiores da União. O grupo é comandado pelo empresário Ricardo Magro.
Lei do Devedor Contumaz
Haddad reiterou a necessidade de aprovação, pelo Congresso Nacional, da lei do devedor contumaz, que visa inibir a criação e manutenção de empresas que não recolhem tributos. Segundo o ministro, essas empresas, frequentemente utilizadas pelo crime organizado, prejudicam a concorrência e fomentam a violência. O projeto já foi aprovado no Senado e aguarda análise na Câmara dos Deputados.
“Se não asfixiar financeiramente as organizações criminosas, vai ter uma reposição de mão de obra barata na ponta. É o andar de cima que irriga com bilhões as atividades criminosas. Hoje está sendo bloqueados R$ 8 bilhões de fundos. É assim que vamos conseguir efetivamente combater o crime”, afirmou Haddad.









