Uma mãe relata a experiência angustiante de ver sua filha cair nas redes de um grupo satânico de extrema direita online, o 764. A adolescente, identificada como Christina (nome fictício), foi alvo de manipulação e coerção, como relatado pela mãe, que testemunhou uma rápida deterioração do estado emocional e mental da filha.
O modus operandi do grupo
O grupo 764, fundado em 2020 por um adolescente americano, busca recrutar jovens vulneráveis, principalmente através de comunidades online sobre automutilação e saúde mental. Membros utilizam aplicativos como Discord e Telegram para se aproximar das vítimas, enviando material abusivo e estabelecendo uma relação de dependência emocional.
A manipulação culmina em atos de violência, com o grupo incentivando as vítimas a praticar automutilação, atos sexuais e até mesmo a tentar o suicídio durante transmissões ao vivo, assistidas por outros membros. A polícia britânica já prendeu pelo menos quatro adolescentes em conexão com as atividades do grupo, incluindo Cameron Finnigan, condenado a seis anos de prisão.
Impacto nas vítimas e alerta das autoridades
Christina descreve a experiência como mais dolorosa do que acompanhar a luta da mãe contra o câncer, destacando a rapidez com que a filha se deteriorou sob a influência do grupo. O caso levanta preocupações sobre a crescente ameaça de grupos online que exploram a vulnerabilidade de adolescentes.
A Agência Nacional do Crime (NCA) do Reino Unido considera grupos como o 764 uma das “ameaças online mais graves e sérias” que enfrenta atualmente. Rob Richardson, vice-chefe da divisão de combate ao abuso sexual infantil online da NCA, ressalta a dificuldade em identificar as vítimas, que muitas vezes não se reconhecem como tal.
A Fundação Molly Rose, criada em memória de uma adolescente que cometeu suicídio após ser exposta a conteúdo nocivo online, alerta para o “crescimento explosivo” desses grupos e sua presença em plataformas amplamente utilizadas por crianças e adolescentes.
Como se proteger e buscar ajuda
Especialistas recomendam que pais e responsáveis monitorem a atividade online de seus filhos, utilizem controles parentais e mantenham um diálogo aberto e sem julgamentos. Em caso de suspeita de envolvimento em grupos como o 764, é fundamental buscar ajuda especializada.
O governo federal brasileiro disponibiliza uma cartilha com orientações sobre a proteção de crianças e adolescentes na internet. Em situações de emergência, é possível acionar o 190, 180, 192 ou o 188 (CVV).









