O governo federal e a Global Energy Alliance for People and Planet (GEAPP) anunciaram uma parceria de cinco anos para expandir o acesso à energia renovável em comunidades isoladas da Amazônia. O acordo, feito em Belém (PA) durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), busca acabar com a “pobreza energética” na região, fortalecer a bioeconomia e diminuir a dependência de fontes de energia poluentes.
A iniciativa prevê um investimento inicial de US$ 3 milhões pela GEAPP, com a expectativa de triplicar esse valor nos próximos três anos através de captação de recursos adicionais. A parceria atuará em duas frentes: o apoio a políticas públicas que facilitem o acesso à energia e à geração de renda, e o financiamento de projetos pilotos, além de oferecer suporte técnico e regulatório.
Como vai funcionar?
A solução adotada são as microgrids, redes de distribuição de energia que utilizam fontes renováveis – no caso, plataformas solares comunitárias com baterias para armazenar a energia. Antes da instalação, a equipe da GEAPP realiza um diagnóstico energético da comunidade para entender suas necessidades e dimensionar corretamente os sistemas.
“Vamos construir e instalar sistemas solares com baterias um pouco maiores que os sistemas individuais. Assim, eles poderão abastecer atividades que geram renda, tanto de dia quanto à noite. A energia que sobrar será armazenada para que a produção continue mesmo quando o sol não estiver brilhando”, explica Luisa Valetim Barros, líder da GEAPP no Brasil.
Após a instalação, a comunidade assume o controle das microgrids, com líderes locais recebendo treinamento básico para a manutenção. A equipe da GEAPP e a Fundação Amazônia Sustentável (FAS) já visitaram diversas comunidades para entender suas necessidades e identificar oportunidades de desenvolvimento.
O foco principal da parceria são as áreas da chamada “Amazônia profunda” – comunidades sem acesso à rede elétrica – especialmente nos estados do Amazonas, Pará e Roraima, incluindo comunidades indígenas. A ideia é adaptar a solução para as atividades locais, como a produção de açaí ou a irrigação de pequenas plantações.
Energia e inclusão social
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silva, destacou que a parceria representa um avanço na combinação entre inclusão social e compromisso com o meio ambiente. “O Brasil está mostrando que é possível unir acesso à energia, responsabilidade climática e oportunidades econômicas. Esta parceria com a Global Energy Alliance reforça nosso compromisso de levar energia renovável a todas as famílias brasileiras, transformando a ambição climática em ação concreta”, afirmou o ministro.
Woochong Um, diretor-executivo da GEAPP, ressaltou que o acordo vai além da infraestrutura elétrica. “Temos orgulho de firmar esta parceria para transformar energia limpa em oportunidade para as comunidades da Amazônia. Isso significa dignidade, geração de renda e um futuro mais justo para cada família. O que construirmos aqui pode servir de modelo para eletrificação equitativa e crescimento inclusivo em toda a América Latina e além”, concluiu.
O tema continuará em destaque no 2º Workshop Energias da Amazônia, previsto para dezembro em Manaus, que reunirá autoridades, empresas do setor e parceiros internacionais para discutir os resultados dos leilões de sistemas isolados e novos projetos de eletrificação limpa em comunidades remotas.
*Com informações da Agência Brasil*











