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19 de novembro de 2025

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Golosa: fruta encontrada em São Félix do Xingu é alternativa econômica para produtoras de polpas

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Mulheres da Associação das Mulheres Produtoras de Polpas de Frutas (AMPPF) de São Félix do Xingu lideram a disseminação da produção e consumo da golosa.

Desde que o açaí atingiu popularidade internacional, a Amazônia tem atraído atenção por ser lar de frutas nativas com significativo potencial comercial. Em São Félix do Xingu, localizado no sudoeste do Pará, a nova estrela é a “golosa” (Chrysophyllum sanguinolentum). Uma fruta que tem cativado os paladares com seu sabor exótico, agridoce.

A golosa é encontrada ao longo do rio Fresco, em São Félix do Xingu, também identificada no Amapá e Amazonas, segundo o Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Nas comunidades ao redor do rio Fresco, a fruta é um produto de consumo tradicional, integrada na dieta diária das famílias e amplamente apreciada. O nome “golosa” é uma alusão ao sabor delicioso que desperta a gula de quem a consome.

Além do seu potencial de mercado, a fruta apresenta outras qualidades associadas às práticas agroecológicas. A árvore de golosa pode atingir 30 metros de altura, sendo uma espécie nativa da Amazônia. Isso a torna uma ótima escolha para uso na recuperação de passivos ambientais, enriquecimento de áreas e pomares, enriquecimento de matas ciliares, recuperação de áreas de proteção permanentes em rios e córregos e, principalmente, em São Félix do Xingu, consorciada com a cultura do cacau em Sistemas Agroflorestais (SAFs).

Preparação para novos avanços

A capacidade da golosa de gerar renda enquanto conserva a floresta fez com que a fruta fosse um dos produtos apoiados pelo programa ‘Floresta de Valor’. Esta iniciativa é do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), patrocinada pela Petrobras e pelo Governo Federal, através do Programa Petrobras Socioambiental. O Imaflora apoia e desenvolve ações de autonomia econômica baseadas em boas práticas de manejo e na gestão responsável dos recursos naturais.

“Hoje a gente considera que a golosa é uma alternativa de renda para as mulheres dentro de um mercado tão competitivo como o de polpas de frutas”, explica Celma de Oliveira, coordenadora de projetos do Imaflora.

Em colaboração com a AMPPF, Emater e Prefeitura Municipal de São Félix do Xingu, o Instituto trabalha para expandir a área cultivada e a capacidade de industrialização do produto, além da obtenção de certificação para a comercialização da fruta.

Próxima divulgação: benefícios nutricionais da golosa

“Além de apoiarmos a produção de mudas no viveiro da AMPPF e de estimularmos a implantação de SAFs com golosa consorciada, também estamos dando apoio para apoio ao processo de registro da fruta nos órgãos de defesa sanitária e para isso está sendo finalizada uma pesquisa sobre as qualidades nutricionais da golosa”, conta Celma.

A pesquisa sobre as qualidades nutricionais da fruta foi realizada pelo engenheiro de alimentos Flávio Santos Silva. Ele confirma que a golosa tem um alto potencial nutricional, com resultados “bem significativos em relação a proteínas, vitaminas e teores de açúcares presentes no fruto”. Os resultados desta pesquisa serão publicados em breve em uma revista científica. Com estes dados, será mais fácil obter a licença para comercialização e transporte em larga escala.

Desafio: aumentar a escala de produção

Atualmente, um dos principais desafios para a golosa ser aceita no mercado nacional é a localização dos chamados “golosais” nativos. Cerca de 90% da produção está situada à margem dos rios da região, tornando a oferta durante a safra fortemente influenciada por condições climáticas e ambientais.

Durante a colheita, os agricultores competem com animais silvestres que consomem os frutos assim que caem da árvore, antes de serem coletados pelas famílias. Cheias dos rios durante a safra, como ocorreu no ano passado em São Félix do Xingu, também impactam a produção pois muitos frutos caem na água e são levados pela correnteza.

Juntamente com o trabalho para assegurar o plantio da espécie em sistemas agroflorestais e quintais agroecológicos, a equipe técnica da Emater, em São Félix do Xingu, também vem trabalhando na seleção de mudas com maior capacidade de produção. Como explica o chefe do escritório, Mário Gomes da Silva, “árvores adultas nativas podem produzir mais de 600 quilos de polpa por ano. Ainda não temos plantios comerciais adultos, mas os plantios jovens já estão apresentando produção entre 50 e 100 quilos de polpa por ano”.

Foto: Divulgação / Imaflora

Um novo sabor da Amazônia

“Não tenho nenhuma dúvida sobre o potencial de mercado da golosa”, confessa Marlos Peterle, secretário municipal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de São Félix do Xingu. Ele estima que a produção de golosa no município varia entre 10 mil e 15 mil quilos de frutos por ano.

“Com a polpa é possível fazer sucos, picolés, sorvetes, doces, mousses. As possibilidades são muitas”, ele acrescenta.

A Prefeitura de São Félix do Xingu vem trabalhando para expandir o cultivo de golosa em sistemas agroecológicos, distribuindo mudas produzidas no viveiro municipal para ribeirinhos e produtores rurais, visando garantir mais renda às famílias de agricultores e contribuir com a preservação ambiental.

Colhendo os frutos da autonomia

As mulheres da Associação das Mulheres Produtoras de Polpas de Frutas (AMPPF) de São Félix do Xingu estão entre as principais disseminadoras do processamento e consumo da golosa. Para elas, a fruta é um passo importante na busca de novos mercados para a produção local.

“Devido às dificuldades de transporte, não são todos os associados que conseguem levar as frutas para o processamento na usina e muitos acabam despolpando e armazenando as frutas em casa mesmo. Assim, estamos terminando de construir uma outra usina em Tancredo Neves que vai ajudar a atender melhor todo mundo”, revela a presidente da AMPPF, Josefa Machado Neves.

A golosa, com seu sabor exótico e suas diversas aplicações na indústria alimentícia, é parte importante dos planos da Associação de Mulheres para alcançar novos patamares com uma atividade que ajuda a proteger a floresta. “Na associação trabalhamos com 13 sabores de polpas de frutas. A golosa é nosso 14º sabor e com ele esperamos crescer ainda mais”, conclui Josefa.