A Gol Linhas Aéreas Inteligentes anunciou a proposta de uma reorganização societária que pode levar ao fechamento de seu capital – ou seja, à saída da empresa da bolsa de valores. A proposta será submetida à votação dos acionistas em 4 de novembro, conforme comunicado divulgado na segunda-feira (13).
Reestruturação do Grupo
O plano prevê a unificação das empresas do grupo. A Gol Linhas Aéreas Inteligentes, responsável pelos voos, e a Gol Investment Brasil, principal acionista, seriam incorporadas pela Gol Linhas Aéreas S.A. (GLA), uma empresa fechada que não tem ações negociadas em bolsa.
De acordo com a Gol, a reorganização busca “sinergias e redução de custos”, simplificando a estrutura e otimizando despesas. Para viabilizar a operação, será realizada uma oferta pública de aquisição (OPA) das ações ainda em mercado, com um limite de R$ 47,25 milhões.
Um comitê de conselheiros independentes acompanhará e negociará os termos da mudança.
Controle da Abra e Recuperação Judicial
Atualmente, a Gol é controlada pelo grupo Abra, que também detém a companhia aérea colombiana Avianca. Após a conclusão do processo de recuperação judicial em junho deste ano, a Abra aumentou sua participação na Gol de pouco mais de 50% para cerca de 80%.
Com o recente aporte de R$ 12 bilhões em investimentos, a Gol Investment Brasil controlará a maior parte das ações da companhia. Apenas 0,78% das ações estarão disponíveis para negociação na bolsa de valores de São Paulo, o que é conhecido como free float.
A B3 (bolsa de valores brasileira) exige um número mínimo de ações em livre flutuação para garantir a negociação. A Gol tem prazo até janeiro de 2027 para aumentar essa quantidade, sob pena de ser obrigada a deixar a bolsa.
A Gol Investment Brasil detém atualmente cerca de 99,97% das ações com direito a voto e 99,22% das ações sem direito a voto.
Na segunda-feira (13), as ações da Gol subiram 3,7%, fechando a R$ 5,08 o lote de mil ações.
Fim da Fusão com a Azul
O anúncio da reorganização ocorre após o encerramento das negociações de fusão com a Azul no mês passado. O Grupo Abra informou que a decisão foi tomada devido à falta de progresso nas discussões.
“Após a assinatura do Memorando de Entendimentos em janeiro de 2025, a Abra se colocou à disposição para avançar nas negociações. No entanto, as partes não tiveram discussões significativas”, disse a nota.
O grupo também mencionou mudanças no cenário desde a assinatura do memorando e o pré-arquivamento junto ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Mesmo com as discussões ocorrendo em paralelo ao processo de recuperação judicial da Azul nos Estados Unidos, não houve avanços significativos.
Em janeiro, o CEO da Azul, John Rodgerson, havia expressado a expectativa de que o acordo com a Gol fortaleceria as empresas e permitiria superar desafios no mercado brasileiro, criando um player mais competitivo.