Foto: Divulgação/Expedição Pipilintu
Um grupo de aventureiros franceses iniciou uma ousada travessia pelos rios da Amazônia a bordo de uma balsa construída de forma tradicional. A expedição, que partiu da Bolívia, tem como destino final a cidade de Macapá, no Amapá, e a previsão é de chegada até o final de setembro.
A jornada faz parte da Expedição Pipilintu, um projeto que homenageia os 200 anos da independência boliviana. A ideia é recriar uma rota histórica dos Andes até o Atlântico, utilizando um meio de transporte que remete às tradições da região.
A balsa, com 6 metros de comprimento e 2,5 metros de largura, foi construída entre maio e junho pela família Esteban, especialistas na arte de construir balsas de totora – uma planta típica dos Andes. Com dois cascos que formam um catamarã, a embarcação é movida a remo e vela, buscando o menor impacto ambiental possível. Para emergências, conta com um pequeno motor de 6,5 cavalos.
A equipe é composta por quatro franceses: Fabien, Pierre, Mathieu e Guillaume. Eles se conheceram em Cabo Verde durante uma travessia pelo Atlântico e trabalham juntos desde maio, dedicados a este projeto ambicioso.
Acolhimento nas comunidades ribeirinhas
Na Bolívia, a expedição recebeu o apoio da Armada Boliviana e assistência técnica e logística. Ao entrar no Brasil, o início foi mais discreto, mas logo a equipe se viu acolhida pelos moradores do Rio Madeira. Comunidades ribeirinhas ofereceram apoio com acampamentos, alimentação e informações, tornando a expedição uma atração local.
“A cada dia, alguém aparece de barco para conversar, tirar fotos, oferecer ajuda. A recepção no Rio Madeira tem sido incrível”, contou Fabien.
Documentário e preservação cultural
A expedição está sendo documentada e dará origem a um filme em 2026. O objetivo é mostrar a beleza da travessia, o contato com as comunidades ribeirinhas e a importância ecológica e cultural da região amazônica. As atualizações da expedição podem ser acompanhadas no site pipilintu.com.
Além da aventura, o projeto busca valorizar o patrimônio marítimo boliviano e promover o uso de embarcações sustentáveis. “Este tipo de barco está desaparecendo. Poucas famílias ainda sabem construir com totora”, explicou Fabien.
Desafios e logística
Os primeiros dias foram marcados por correntezas fortes e ondas perigosas. A passagem pela fronteira entre Bolívia e Brasil também apresentou desafios, devido a corredeiras, atividades ilegais e usinas que dificultam a navegação. Para contornar esses obstáculos, a balsa precisou ser transportada por caminhão até Porto Velho, com o apoio da Marinha brasileira.
Agora, o maior desafio é manter a balsa em boas condições durante toda a travessia, já que sua vida útil estimada é de cerca de quatro meses. A equipe precisa avançar aproximadamente 50 km por dia para cumprir o cronograma.
A construção da balsa
A construção da balsa começou com a coleta de mais de 200 pacotes de totora no lago Titicaca. A planta foi trançada manualmente ao longo de dois meses pela família Esteban, do Altiplano Boliviano. O lançamento da embarcação ocorreu em 21 de junho, durante o Ano Novo Aimará, com uma cerimônia tradicional e a participação da comunidade local.
*Por Rafael Aleixo, da Rede Amazônica AP











