13 de dezembro de 2024

Fórmula 1: Leclerc vence GP da Áustria

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Charles Leclerc dominou o GP da Áustria de 2022. É verdade que largou atrás, mas caçou Max Verstappen o quanto quis em Spielberg. Passou três vezes! Carlos Sainz sofreu estouro de motor

A chuva que foi imaginada para o fim de semana não apareceu, mas era dispensável. O GP da Áustria deste domingo (10), realizado na pista de Spielberg, o Red Bull Ring, teve seus méritos próprios. Se a corrida sprint não permitiu que fosse posta em prática a briga entre Ferrari e a equipe da casa, a corrida oficial deu várias demonstrações de que o time italiano era capaz de duelar. Mais que duelar, Charles Leclerc engoliu Max Verstappen e enfim interrompeu a sequência de azar na temporada. Leclerc venceu o GP da Áustria.

Os dois se encontraram mais de uma vez na corrida. Verstappen defendeu na largada e se manteve na frente nas primeiras voltas, mas Leclerc nunca ficou 1s longe. O ataque era questão de tempo e veio na volta dez, sem sucesso. Na 12, inapelável ultrapassagem. Duas depois, Verstappen parou nos boxes para colocar pneus duros e, quando Leclerc parou, 13 voltas mais tarde, estava em segundo. Não havia problema, porque tinha pneus mais novos e voltaria a atacar para ultrapassar na 34. Leclerc e a Ferrari eram simplesmente rápidos demais sobretudo nas retas. Depois de mais uma janela de ida aos boxes e estratégias distintas, Leclerc teve de novo de ultrapassar perto da 55. Dava para pedir música com três ultrapassagens.

Sainz parecia vir a reboque para ultrapassar Verstappen nas últimas 15 voltas. Na realidade, era inevitável. Podia até pensar em encostar em Leclerc, mas nada disso aconteceu. O motor Ferrari, que vivia um dia glorioso, estourou na reta. Desesperado, o piloto só repetia que ‘não e não’ no rádio. A imagem foi forte, porque Sainz tentava sair do carro, que começou a pegar fogo, e tinha dificuldades, uma vez que o carro descia sozinho na pequena ladeira onde estacionou. Saiu sem problemas físicos, ainda bem, mas também sem pontos.

Nas últimas dez voltas, após o pit-stop para trocar pneus que a Ferrari fez com Leclerc – e a Red Bull também fez, com Verstappen – na rebarba do VSC causado por Sainz, o monegasco começou a ter problemas com o acelerador e relatou à equipe. Mesmo assim, segurou a ponta e venceu a corrida.

Lewis Hamilton resistiu e completou o pódio, ajudado pelos problemas de Sainz e o toque entre George Russell e Sergio Pérez na primeira volta, que forçou o abandono do mexicano. Russell foi o quarto, seguido por Esteban Ocon, Mick Schumacher, Lando Norris, Kevin Magnussen, Daniel Ricciardo e Fernando Alonso. Verstappen ficou com a volta mais rápida.

A temporada 2022 da Fórmula 1 continua daqui duas semanas, entre os dias 22 e 24 de julho, em Paul Ricard, no GP da França.

 

Confira como foi a corrida:

Em nenhuma outra atividade do fim de semana até agora o céu de Spielberg mostrava tanta nuvem carregada quanto perto do horário da largada do domingo. A previsão do tempo indicava 20% de chance de chuva durante a hora e meia da corrida. O sol até aparecia, mas de maneira mais tímida, entre muitas nuvens.

Valtteri Bottas largava no último lugar, punido por trocar motor, mas também mudou asa dianteira e câmbio na última hora, o que fez com que partisse do pit-lane.

A largada favoreceu a Max Verstappen. O holandês partiu bem, defendeu e se desgarrou, enquanto Charles Leclerc veio a reboque, sem conseguir atacar ou ser atacado. Mas George Russell partiu bem e se pôs lado a lado com Carlos Sainz. O espanhol levou a melhor, ao passo que Sergio Pérez emparelhou depois de algumas curvas. O duelo entre Russell e Pérez durou até o contorno do hairpin: aí, os dois se tocaram e Pérez levou a pior. Rodou e foi para a brita. Até conseguiu escapar, mas no último lugar e teve de ir aos boxes.

Lewis Hamilton não ganhou posições e ainda deu uma leve escapada que permitiu a aproximação de Mick Schumacher. Depois do duelo da corrida sprint, com Hamilton como perseguidor, agora a vez era de Schumacher caçar. E ultrapassar!

Com tudo estabelecido, Verstappen liderava e via Leclerc, Sainz, Russell, Esteban OconKevin Magnussen, Schumacher, Hamilton, Lando Norris e Daniel Ricciardo no top-10. Fernando Alonso e Sebastian Vettel não conseguiam limpar o pelotão e só haviam ganhado a posição de Pérez.

Max Verstappen manteve a ponta na largada (Foto: Red Bull Content Pool)

Apesar de Verstappen largar bem, Leclerc não se distanciava. Sempre dentro do mesmo 0s5 ou 0s6, decidiu atacar na décima volta – que chegou rapidamente uma vez que a pista austríaca é a menor do calendário. Charles foi para cima na curva três e depois na curva quatro, mas Max resistiu e defendeu. Durou pouco, porque Leclerc atacou novamente na curva quatro duas voltas mais tarde. Agora, inapelável. O GP da Áustria tinha um novo líder.

Logo na volta 13, Russell recebeu 5s de punição por causar a colisão com Pérez e parou nos boxes para trocar os pneus médios por duros e mudar a danificada asa dianteira, além de cumprir a punição. Verstappen gostou da ideia e parou em seguida, também para colocar pneus duros e voltar no sexto lugar.

Quem finalmente acordou para a corrida foi Hamilton, que, depois de sofrer tanto ontem e no começo da corrida com as Haas, passou Schumacher e Magnussen num espaço de duas voltas: Mick na curva oito, quando mergulhou por dentro, e Kevin usando a asa móvel na curva quatro. Verstappen ia na trilha e também deixava os dois para trás antes de encostar em Hamilton. Lewis se defendeu inicialmente, mas não havia como segurar por muito. Para o delírio da torcida, Verstappen ultrapassava na volta 19 e assumia o terceiro lugar.

Após 20 voltas, Verstappen era o único dos oito primeiros que já havia parado nos boxes. Yuki TsunodaGuanyu Zhou e Alonso, que apareciam em sexto, sétimo e oitavo, largaram de pneus duros, então ainda permaneceriam na pista por mais algum tempo. Enquanto isso, Ocon, melhor entre os que haviam parado – excluindo Verstappen -, rapidamente enfileirou os três e assumiu o sexto lugar.

Virou briga de rua quando Alonso se posicionou para passar Zhou e viu Magnussen ir no embalo e fazer os três dividirem a curva. Magnussen passou ambos e Zhou se recuperou contra Alonso, mas Norris e Schumacher também colaram para tornar uma briga entre cinco carros. Mais rápidos, Norris e Schumacher tiraram Fernando do caminho.

Na frente, Verstappen começava a tirar a vantagem de Leclerc. Pudera, tinha pneus muito mais novos. Max ficaria na liderança quando as Ferrari parassem, mas teriam pneus mais jovens pelo resto da corrida. Dito e feito: Leclerc parou na 27ª de 71 voltas. De acordo com a Pirelli, fornecedora de pneus da F1, a melhor estratégia seria largar de médios e fazer de 24 a 32 voltas até trocar para os duros. Leclerc estava nesta janela, mas Verstappen parara na 14. Seria necessário fazer 57 voltas com o mesmo jogo de pneus. Era importante ressaltar também que os dois já haviam sofrido advertência por conta dos limites da pista – quatro avisos valeriam uma punição de 5s.

Mick Schumacher pontuou de novo! (Foto: Haas F1 Team)

Leclerc voltou 5s9 atrás de Verstappen, e Sainz foi aos boxes uma volta depois. Hamilton aparecia na frente do espanhol, mas ainda não parara. Bem como Stroll, o quinto colocado. Apenas os dois seguiam com os pneus da largada: nem mesmo quem começou com os pneus duros ficara até a volta 30 na pista, dado que estavam sendo engolidos por quem aparecia com pneus mais novos. Hamilton resolveu parar na volta 29 e teve um pit-stop razoavelmente lento, caindo para sexto. Stroll finalizou a janela no 30º giro. Enquanto isso, lá atrás, Pérez abandonou nos boxes.

Gasly e Norris eram os primeiros a receber punição de 5s por conta dos limites da pista, mas abriam uma lista que, quase que inevitavelmente, seria bastante extensa daqueles penalizados pelo mesmo motivo.

Na volta 33, Leclerc encostou de novo em Verstappen. Algumas curvas depois, faria novamente a ultrapassagem: ainda mais simples que a primeira. Leclerc voltava a ser o líder, enquanto Sainz se aproximava perigosamente de Verstappen. O líder do campeonato reclamava com a Red Bull e dizia que o carro tinha aderência na dianteira numa volta e não tinha na seguinte. “Está totalmente imprevisível”, afirmou.

A segunda parada de Verstappen nos boxes veio na volta 37. A Ferrari não cobriu a estratégia e preferiu manter seus dois bólidos na pista para o curso natural da estratégia de pneus.

 
A situação se desenrolava na frente, enquanto o meio do pelotão fervia. Alonso ultrapassou Tsunoda e ainda fez um gesto de reclamação com a mão. Fim de semana complicado para Yuki. Vettel apareceu rodado na brita! O motivo foi um toque de Gasly, otimista demais no contorno da curva. Mais uma pancada distribuída no tetracampeão ao longo do fim de semana. A próxima punição também pintava: Zhou. Logo, Gasly recebia outra, mas essa por bater em Vettel.

Fora dos problemas, Schumacher mergulhava para ultrapassar Magnussen e assumir o oitavo lugar. Os dois carros da Haas se mantinham em segurança na frente das McLaren após mais uma rodada de pit-stops – pouco antes, Norris até chegou a passar Schumacher, mas teve de parar.

Leclerc teve de parar pela segunda vez na volta 50, com mais 21 pela frente, e voltou mais perto de Verstappen que antes. “Que piada é nossa tração”, resmungava Max. A ultrapassagem viria pouco mais tarde, fácil, e Sainz se aproximava. Na verdade, Sainz passava a ser o mais rápido entre os três. Engolir Verstappen era questão de tempo quando o motor Ferrari foi para o espaço. Depois de dois estouros para Charles, era a vez de Carlos abandonar com problemas.

O carro começou a pegar fogo na parte traseira e, enquanto Sainz tentava sair após estacionar, o carro descia sozinho para trás com o fogo vindo. Imagem preocupante com o espanhol chamando os fiscais, que, felizmente, chegaram com o extintor. Sainz saiu do carro, enquanto o VSC foi chamado.

Desta vez, a Ferrari parou Leclerc imediatamente para colocar pneus médios – a Red Bull fez o mesmo com Verstappen. Com dez voltas pela frente, bandeira verde. O top-10 naquele momento era Leclerc, Verstappen, Hamilton, Ocon, Russell, Schumacher, Magnussen, Norris, Ricciardo e Alexander Albon.

A partir da relargada, Leclerc passava a avisar que tinha algum problema não-identificado com o acelerador. “O que está acontecendo? Parece que o acelerador fica travado de vez em quando”, questionou. “Não está aceitando bem as mudanças de marcha”, adicionou. A Red Bull avisava a Verstappen, mas mesmo assim o rendimento da dupla era semelhante. Apesar de próximo, Max não tinha proximidade o bastante para incomodar.

Alonso parou de novo e foi para o 14º posto, mas começou a fazer ultrapassagens – bem como Norris deixou Magnussen para trás e se colocou entre as duas Haas. Antes do fim, Vettel ainda recebeu punição de 5s por conta do desrespeito aos limites da pista. O ato final da corrida foi Alonso deixando Albon para trás e tomando o décimo lugar.

Leclerc voltou às vitórias após uma sequência desastrosa, mas Verstappen conseguiu limitar bem os danos com o segundo lugar e a volta mais rápida. Hamilton completou o pódio.

Fórmula 1 2022, GP da Áustria, Spielberg, Corrida:

1 C LECLERC Ferrari
2 M VERSTAPPEN Red Bull RBPT +1.532
3 L HAMILTON Mercedes +41.217
4 G RUSSELL Mercedes +58.972
5 E OCON Alpine Renault +68.436
6 M SCHUMACHER Haas Ferrari +1 volta
7 L NORRIS McLaren Mercedes +1 volta
8 K MAGNUSSEN Haas Ferrari +1 volta
9 D RICCIARDO McLaren Mercedes +1 volta
10 F ALONSO Alpine Renault +1 volta
11 V BOTTAS Alfa Romeo Ferrari +1 volta
12 A ALBON Williams Mercedes +1 volta
13 L STROLL Aston Martin Mercedes +1 volta
14 G ZHOU Alfa Romeo Ferrari +1 volta
15 P GASLY AlphaTauri RBPT +1 volta +5s
16 Y TSUNODA AlphaTauri RBPT +1 volta
17 S VETTEL Aston Martin Mercedes +1 volta
18 C SAINZ JR Ferrari NC
19 N LATIFI Williams Mercedes NC
20 S PÉREZ Red Bull RBPT NC
Fonte: Grande Prêmio