Fiocruz vê risco de importação de casos de influenza do estado do Rio

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Fiocruz vê risco de importação de casos de influenza do estado do Rio

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Quadro nacional traz aumento de incidência em faixas abaixo de 60 anos

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) alertou os grandes centros urbanos e turísticos para o risco de importação de casos de influenza A, que foram observados no estado do Rio de Janeiro, tanto em crianças quanto na população adulta, entre os registros de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) referentes às semanas epidemiológicas 47 e 48.

O alerta está no Boletim InfoGripe divulgado hoje (9) pela Fiocruz e é voltado especialmente aos locais com baixa adesão às medidas não farmacológicas para reduzir a transmissão da covid-19. A Semana Epidemiológica 48 compreende o período de 28 de novembro a 4 de dezembro, e a investigação tem como base os dados inseridos no SivepGripe até 6 de dezembro.

Conforme a publicação, o quadro nacional indica alta nos casos de SRAG em todas as faixas etárias abaixo de 60 anos. A ocorrência fica mais evidente no grupo etário de crianças a jovens adultos nas faixas até 9 anos, de 10 a 19 anos e de 20 a 29 anos. O coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes, ressalta que, embora nas faixas etárias entre 30 e 59 anos o crescimento seja “relativamente leve”, ele é consistente, o que reforça a necessidade de cuidados.

“No caso das crianças (até 9 anos), os resultados laboratoriais associados a esses casos apontam predomínio de vírus sincicial respiratório (VSR), que acompanha a tendência de aumento de SRAG nessa faixa etária. Já nas demais faixas etárias, os casos de SRAG mantêm-se majoritariamente associados ao Sars-CoV-2 (covid-19) com exceção do estado do Rio de Janeiro, que apresentou presença do vírus influenza A tanto em crianças quanto na população adulta”, destaca o boletim.

A Fiocruz chama a atenção para a constatação de que nenhuma das 118 macrorregiões de saúde apresenta indícios de SRAG extremamente alto. Entre estas, apenas nove, localizadas em Minas Gerais, Pará, Paraná e São Paulo, apresentam nível muito alto. Desde 2020 foram registrados 1.703.956 casos, sendo 994.887 referentes ao ano epidemiológico de 2021, 698.986 (70,3%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 162.768 (16,4%) negativos, e ao menos 63.172 (6,3%) aguardando resultado laboratorial. Nos positivos, 0,0% influenza A, 0,0% influenza B, 1,2% vírus sincicial respiratório (VSR) e 96,4% Sars-CoV-2 (covid-19).

“Na série temporal consolidada da incidência de casos e óbitos de SRAG por covid-19, observa-se que, com o avanço da cobertura vacinal na população adulta, as faixas etárias de 60 anos ou mais (60-69, 70-79 e 80 anos ou mais) voltaram a ser os grupos com maior incidência semanal de casos e óbitos por SRAG com resultado de RT-PCR positivo para Sars-CoV-2”, revelou Gomes.

Na avaliação da Fiocruz, outro fato relevante é o predomínio praticamente absoluto de detecção de Sars-CoV-2 entre os casos de SRAG com resultado laboratorial no país. O quadro se mantém entre os adolescentes de 10 a 19 anos, “porém com redução na positividade geral e maior presença relativa de casos positivos para rinovírus”. Já nas crianças com até 9 anos, que é a faixa etária com menor positividade, em 2021, houve avanço significativo nos casos de vírus sincicial respiratório (VSR), com registros semanais superiores aos observados para Sars-CoV-2. “A partir de julho, observa-se aumento gradual de casos positivos por outros vírus respiratórios, como adenovírus, bocavírus, parainfluenza 3, para influenza 4, entre outros, que se somam à presença do VSR e rinovírus nessas crianças”, completou.

Sinal de crescimento

Entre as 27 unidades federativas, Acre, Amazonas, Amapá, Bahia, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rondônia e São Paulo apresentaram sinal de crescimento na tendência de longo prazo (últimas seis semanas) até a Semana 48. Já os estados de Alagoas, do Ceará, de Mato Grosso e Pernambuco, do Piauí, Paraná e Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e Sergipe e  doTocantins mostraram sinal de queda na tendência de longo prazo. Alagoas teve sinal de crescimento na tendência de curto prazo (últimas três semanas), porém compatível com a oscilação em torno de valor estável.

“Diferentemente do apontado em atualizações anteriores, embora em muitos estados ainda seja um crescimento lento, os dados por faixa etária sugerem se tratar de um crescimento sustentado e recomenda-se reavaliação das medidas de prevenção da transmissão de vírus respiratórios, especialmente em relação aos eventos de final de ano para evitar agravamento do cenário epidemiológico”, diz o pesquisador.

O Boletim InfoGripe da Fiocruz informa também que no Acre, Amazonas e Amapá, na Bahia, no Espírito Santo, Maranhão, Pará e Rio de Janeiro, em Rondônia e em São Paulo, houver sinal forte de crescimento na tendência de longo prazo e que, no Amapá, na Bahia, no Espírito Santo, Pará e Rio de Janeiro e em Rondônia, o sinal é de crescimento na tendência de curto prazo (últimas três semanas). Em Mato Grosso do Sul e no Rio Grande do Norte, o sinal de crescimento é moderado na tendência de longo prazo. No Rio Grande do Norte também há sinal de crescimento na tendência de curto prazo.

Fonte: EBC