Ângela Mendes, filha do jornalista e ativista Chico Mendes, durante a COP30. Foto: Bruno Peres/Agência Brasil
Ângela Maria Feitosa Mendes, assim como seu pai, Chico Mendes, tornou-se uma voz importante na defesa do meio ambiente e dos direitos dos povos da floresta. Chico foi assassinado em 1988, em Xapuri, Acre, por sua luta contra o desmatamento e em defesa dos trabalhadores da borracha.
Atualmente, Ângela lidera o Comitê Chico Mendes, um espaço que reúne ativistas e defensores da justiça social, perpetuando a luta do líder seringueiro. O comitê foi criado logo após o assassinato de Chico, com o objetivo de exigir justiça e manter viva sua memória.
Em vida, Chico Mendes lutou contra as condições de trabalho precárias dos seringueiros, denunciando a exploração e a destruição da floresta amazônica. Ele também foi um dos idealizadores da Aliança dos Povos da Floresta, unindo indígenas e seringueiros na luta por seus direitos e pela proteção do território.
O trabalho do Comitê Chico Mendes se estende à formação de jovens e mulheres da Reserva Extrativista (Resex) Chico Mendes, inspirando-se em uma carta escrita por Chico antes de morrer, onde ele expressava sua esperança em um futuro mais justo e sustentável.
Em Belém, participando da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), Ângela Mendes conversou com a Agência Brasil sobre os resultados da conferência, criticou a exploração de petróleo na Foz do Amazonas e refletiu sobre como seu pai enxergaria uma COP realizada na Amazônia.
“O comitê Chico Mendes foi criado na noite do assassinato do meu pai, por seus companheiros que, sob muita dor, entenderam que era necessário exigir justiça e manter viva a sua memória”, afirma Ângela. “A carta que meu pai deixou para os jovens é uma inspiração para a gente mobilizar a juventude a olhar para o futuro e a lutar por um mundo melhor.”
Ângela defende que a COP30 precisa dar mais espaço para a participação dos povos da floresta nas decisões sobre o clima. “Ainda é cedo para avaliar os resultados concretos, mas é fundamental que haja um acordo que possibilite o acesso a financiamento climático para fortalecer esses povos em seus territórios”, ressalta.
Ela também critica a exploração de petróleo na Foz do Amazonas, argumentando que essa atividade é incompatível com a luta contra a crise climática. “É inaceitável que a gente esteja aqui na Amazônia, recebendo a COP para pensar soluções, e a solução que o Brasil encontra é a exploração de petróleo”, declara.
Ângela Mendes enfatiza a importância de alianças entre diferentes setores da sociedade para enfrentar a crise ambiental. “A academia, os bancos, as grandes indústrias, todos podem contribuir para as soluções”, afirma. “Precisamos parar de reclamar nas redes sociais e ir para a rua lutar por um futuro mais justo e sustentável.”
Ela reconhece os avanços do governo Lula na retomada da política ambiental, mas alerta para a necessidade de enfrentar a resistência de setores conservadores e garantir a proteção dos defensores do meio ambiente. “A luta continua”, conclui Ângela, “e não podemos nos deixar intimidar.”









