O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, anunciou nesta quarta-feira (17) a redução da taxa de juros em 0,25 ponto percentual, estabelecendo uma faixa de 4% a 4,25% ao ano. Este é o primeiro corte de juros em nove meses, interrompendo uma sequência de cinco reuniões consecutivas sem alterações.
A decisão, amplamente antecipada pelo mercado financeiro, reflete uma mudança no cenário econômico americano. Dados recentes indicam uma desaceleração do mercado de trabalho, sinalizando um possível arrefecimento da economia, embora a inflação permaneça sob controle, ainda que acima da meta de 2% estabelecida pelo Fed.
A decisão também ocorre em um contexto de tensões políticas. O presidente Donald Trump tem sido um crítico ferrenho da política monetária do Fed, pressionando por taxas de juros mais baixas e, recentemente, buscando a remoção de membros da diretoria, como Lisa Cook. A tentativa de demissão de Cook, que chegou à Justiça, gerou preocupação entre agentes do mercado, que temem uma interferência política na independência do banco central.
A política monetária dos Estados Unidos tem implicações significativas para a economia global. A redução das taxas de juros americanas pode levar a um enfraquecimento do dólar, incentivando o fluxo de capitais para mercados emergentes, como o Brasil. Além disso, taxas de juros mais baixas nos EUA podem reduzir a pressão sobre o Banco Central do Brasil para manter a taxa Selic em níveis elevados.
Desde a posse de Donald Trump em 2017, o Fed realizou seis ajustes na taxa de juros, sendo este o primeiro de corte. A administração Trump tem sido marcada por uma política comercial protecionista, com a imposição de tarifas sobre produtos importados, o que gerou incertezas e impactos na economia global. A guerra comercial com a China, em particular, contribuiu para a desaceleração do crescimento econômico mundial.
A nomeação de Stephen Miran, aliado próximo de Trump, para a diretoria do Fed, e a batalha judicial em torno da permanência de Lisa Cook, evidenciam a crescente politização da política monetária americana. Caso Trump consiga ampliar sua influência no Fed, poderá ter maior controle sobre a política monetária, com potenciais consequências para a economia global.
Em um cenário de juros mais baixos nos EUA, investidores podem buscar oportunidades em outros mercados, como o Brasil, aumentando a demanda por ativos brasileiros e valorizando o real em relação ao dólar. A redução da pressão sobre a inflação também pode abrir espaço para uma eventual redução da taxa Selic no Brasil.