Pesquisas recentes confirmam: sistemas de produção sustentáveis, como a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) e os Sistemas Agroflorestais (SAFs), não são apenas bons para o meio ambiente, mas também podem ser economicamente vantajosos na Amazônia e no Cerrado.
Estudos de caso detalhados mostram que esses sistemas trazem ganhos em produtividade, segurança alimentar, conservação ambiental e até mesmo na resistência às mudanças climáticas, gerando empregos e renda para as comunidades locais. Com base nesses dados, pesquisadores da Embrapa, em parceria com o Banco Mundial, elaboraram um relatório que reúne evidências econômicas e oferece recomendações para superar os desafios e expandir a adoção dessas práticas.
“As informações sobre o desempenho econômico desses sistemas serão cruciais para as políticas do Banco Mundial e podem abrir portas para que sejam incluídos em programas de crédito rural, como o Plano Safra da Agricultura Familiar”, explica Judson Valentim, pesquisador da Embrapa Acre. “Principalmente na Amazônia, existe uma grande necessidade de ampliar esses sistemas, que podem ajudar a conciliar desenvolvimento econômico e conservação da floresta.”
Para Leonardo Bichara Rocha, economista agrícola sênior do Banco Mundial, o estudo é um avanço importante. “Ele demonstra que, além dos benefícios ambientais e agronômicos, ILPF e SAFs podem trazer maiores retornos financeiros para agricultores e pecuaristas em comparação com os métodos tradicionais.”
A ILPF integra agricultura, pecuária e floresta na mesma área, buscando sinergia entre os componentes do ecossistema. Já os SAFs, mais adequados à agricultura familiar, combinam espécies perenes (como árvores frutíferas) com plantios de ciclo curto (como grãos), reduzindo a necessidade de abrir novas áreas.
Os estudos analisaram casos em diferentes municípios dos dois biomas, incluindo Nova Canaã do Norte (MT) e Nova Xavantina (MT), no Cerrado, e Nova Califórnia (RO) e Tomé-Açu (PA), na Amazônia. Os resultados mostram que, em geral, o ILPF apresenta melhor desempenho econômico, com maior lucro e taxa de retorno em comparação com a agricultura e pecuária convencionais.
Os SAFs com cultivos de maior valor agregado, como açaí e cacau, também se mostraram rentáveis, embora exijam um investimento inicial maior e um período de tempo mais longo para gerar resultados. Os pesquisadores ressaltam que políticas de financiamento precisam levar em conta essa dinâmica de longo prazo.
Apesar dos avanços, ainda existem barreiras a serem superadas, como a falta de crédito adequado, assistência técnica especializada e infraestrutura em regiões remotas. Além disso, é preciso investir em pesquisa para aprimorar os indicadores de avaliação econômica e regulamentar os pagamentos por serviços ambientais.
“Esta síntese é um passo importante para construir um banco de dados robusto sobre esses sistemas no Brasil, que possa subsidiar a implementação de políticas públicas mais eficazes e promover um futuro mais sustentável para a Amazônia e o Cerrado”, conclui Júlio César dos Reis, da Embrapa Cerrados.











