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22 de junho de 2025

Estradas ameaçam manguezais da Amazônia

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Construção de vias no nordeste do Pará impacta o maior manguezal contínuo do mundo, afetando seu ecossistema.

A rodovia PA-458, no nordeste do Pará, exemplifica como a construção de estradas afeta os manguezais. Em trechos, a via divide a paisagem: de um lado, árvores de até 30 metros; do outro, as mesmas espécies não ultrapassam 3 metros. Essa diferença ocorre em uma das maiores extensões contínuas de manguezal do mundo.

O impacto das estradas nos mangues

O professor Marcus Fernandes, coordenador-geral do projeto Mangues da Amazônia e titular da Universidade Federal do Pará (UFPA), explica que as estradas representam a maior ameaça a esses ambientes. Cerca de 90% das vias não pavimentadas ficam a até 3 km de áreas de mangue. Além disso, rodovias como a PA-458 impedem o fluxo de água, secando a lama vital para a vegetação e dificultando o crescimento das árvores.

A construção da PA-458, que liga Bragança à praia de Ajuruteua, iniciou-se nos anos 1970 e foi concluída em 1991. O objetivo era facilitar o escoamento da produção pesqueira e melhorar o acesso das comunidades. No entanto, Fernandes considera a rodovia um dos maiores impactos na porção amazônica desse ecossistema, afetando 200 hectares de mangue, o equivalente a cerca de 180 campos de futebol.

Área de manguezal na Reserva Extrativista Marinha de Caeté-Taperaçu monitorada pelo projeto Mangues da Amazônia. Fernando Frazão/Agência Brasil

Exploração e degradação silenciosa

A abertura de estradas, especialmente as não pavimentadas, facilita o acesso a esse ecossistema. Isso beneficia as populações locais, mas também intensifica a exploração prejudicial dos mangues. Fernandes destaca a natureza “silenciosa” dessa degradação: “Eu tiro caranguejo e ninguém me vê, corto madeira e ninguém vê.”

O biólogo Paulo César Virgulino, também coordenador do projeto Mangues da Amazônia, ressalta o impacto direto das estradas. Ele cita um trecho de 14 hectares ao longo da PA-458, onde o “barramento de água fez com que esse mangue morresse”, resultando em uma área anteriormente sem vegetação, com troncos de uma floresta antiga que pereceu.

Recuperação e conscientização

Desde 2005, o professor Marcus Fernandes trabalha na recuperação da região. Inicialmente, foi necessário importar técnicas de plantio da Ásia devido à ausência de práticas específicas para mangues. O plantio visa reter a água, mesmo em volume reduzido. A menor disponibilidade hídrica resulta na formação de uma “floresta anã”, mais baixa que a vegetação vizinha com maior acesso à água.

Virgulino observa os resultados positivos: “A gente tem uma floresta que ainda não é a ideal, mas já é muito melhor do que não ter. Aquele ambiente totalmente nu, aquele solo nu que parecia um sertão no verão, já não tem mais.”

O projeto Mangues da Amazônia mapeia, refloresta e sensibiliza as comunidades locais nos municípios paraenses de Tracuateua, Bragança, Augusto Corrêa e Viseu, onde estão localizadas importantes reservas extrativistas marinhas.

Técnicas de plantio e engajamento comunitário

Para a recuperação do mangue, diversas técnicas de plantio são empregadas, incluindo o cultivo de mudas em viveiros antes de serem transplantadas para áreas degradadas. O projeto mantém dois viveiros, cada um com capacidade para 20 mil mudas.

Moisés Araújo, de 44 anos, atua como agente social do projeto na Vila do Tamatateua, mobilizando a comunidade e gerenciando um viveiro. Ele destaca a mudança de percepção: “A gente morava em torno do mangue e não tinha consciência da importância dele. A partir do projeto, a gente passou a ter essa consciência de que, além de tirar o sustento, a gente tem que preservar, a gente tem que reflorestar.”

Araújo enfatiza a importância da sustentabilidade para as futuras gerações: “A partir do momento que a gente usa o mangue de forma não sustentável, a gente está esquecendo que tem outras gerações que podem precisar. Então, o ideal é que a gente tire de forma sustentável, tendo consciência de que outras pessoas precisam.” Após 20 anos de trabalho, ele já percebe os resultados: “Mais adentro, tinha um grande espaço degradado que, hoje, a gente vê todo cheio. A gente anda daqui para lá e vê a presença de caranguejo e de muitos outros animais.”

Os viveiros também recebem visitas de escolas, que participam do plantio de mudas e utilizam o espaço para educação ambiental. Clarice dos Santos (17) e Taynara da Silva (15), que vivem próximas ao mangue, participaram do projeto pela primeira vez. Taynara considerou a experiência “muito importante para nós”, enfatizando a necessidade de plantar para manter o ambiente “sempre lindo”. Clarice concordou, descrevendo a experiência como “muito legal” e expressando o desejo de continuar ajudando no projeto.

A importância dos mangues

Os manguezais são ecossistemas únicos, situados entre o mar e a terra firme. Suas espécies vegetais e animais são adaptadas à salinidade e ao fluxo das marés. As densas raízes dos manguezais estabilizam o solo, prevenindo a erosão costeira e atuando como barreiras naturais contra tempestades e furacões, protegendo áreas costeiras e comunidades.

Além disso, os manguezais são cruciais na mitigação das mudanças climáticas, pois possuem alta capacidade de sequestrar e armazenar carbono atmosférico.

Vista de um braço do Rio Caeté em área de manguezal na Reserva Extrativista Marinha de Caeté-Taperaçu monitorada pelo projeto Mangues da Amazônia. Fernando Frazão/Agência Brasil

O Brasil é o segundo país com a maior extensão de manguezal, com 14 mil km² ao longo de sua costa, ficando atrás apenas da Indonésia. No Brasil, 80% dos manguezais do bioma amazônico estão distribuídos entre Maranhão (36%), Pará (28%) e Amapá (16%).

A maior parte da extensão amazônica (12 mil km²) está em 120 unidades de conservação, o que representa 87% do ecossistema no Brasil. De acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o Brasil possui o maior território contínuo de manguezais sob proteção legal do mundo.

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