07 de setembro de 2024

Escolas de samba se despedem da carnavalesca Rosa Magalhães

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Escolas de samba se despedem da carnavalesca Rosa Magalhães

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Rosa Magalhães falece aos 77 anos no Rio de Janeiro

Escolas de samba e diversas personalidades prestaram homenagens à carnavalesca Rosa Magalhães, que faleceu na noite de quinta-feira (25), aos 77 anos, devido a um infarto em sua casa no Rio de Janeiro. Rosa, dona de sete títulos do carnaval carioca, teve sua morte confirmada pela escola de samba Império Serrano, com a qual conquistou o campeonato em 1982.

Despedida e Homenagens

“Com tristeza, a Império Serrano recebeu a notícia do falecimento da carnavalesca Rosa Magalhães, aos 77 anos, nesta noite”, informou a escola. “Fica aqui a nossa gratidão por tudo que você, Rosa, fez pelo carnaval, pela contribuição à nossa história e à arte”, completou a agremiação.

O velório será aberto ao público no Palácio da Cidade, sede da prefeitura do Rio, em Botafogo, das 12h às 16h. O sepultamento será restrito a familiares e amigos no cemitério São João Batista, também em Botafogo, às 16h30.

Carreira e Conquistas

Com mais de 50 anos dedicados à arte, Rosa Magalhães fez história no carnaval. A Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa) afirmou que Rosa “fez história” no carnaval carioca. O enredo “Bum Bum Paticumbum Prugurundum” de 1982, pelo Império Serrano, é um dos mais famosos do carnaval.

Na Imperatriz Leopoldinense, Rosa conquistou o bicampeonato de 1994 e 1995 e o tricampeonato de 1999, 2000 e 2001. “Falar de Rosa Magalhães é falar da história da Imperatriz, tendo em vista que, de sete títulos conquistados pela professora, cinco foram em nossa agremiação”, publicou a escola.

Últimas Conquistas e Legado

O último campeonato de Rosa foi em 2013, à frente da Unidos de Vila Isabel. “Viva Rosa Magalhães”, postou a Vila Isabel após a notícia da morte. “Se o carnaval carioca alcançou a primazia como grande espetáculo visual muito se deve a Rosa. Nossa escola tem por ela uma gratidão imensurável por ser um gênio artístico à frente do nosso último campeonato em 2013.”

Era Sambódromo e Contribuições

Rosa é a maior carnavalesca da Era Sambódromo, iniciada com a inauguração da Passarela do Samba em 1984. Sua última participação foi em 2023, pela Paraíso do Tuiuti. Rosa também trouxe magia às cerimônias dos Jogos Pan-Americanos de 2007 e das Olimpíadas de 2016, ambas no Rio de Janeiro, rendendo-lhe um prêmio Emmy de melhor figurino.

Depoimentos e Homenagens

Carnavalescos a viam como uma “professora”. Alexandre Louzada disse que “Rosa promoveu desfiles inesquecíveis aos olhos do público e de toda a crítica, e sempre estará marcada por sua elegância, pela entrega magistral em seus trabalhos, e, principalmente, por sua brasilidade nas histórias que contou ao longo de todo esse tempo”.

Leandro Vieira afirmou que “a Rosa vive e viverá em cada carnavalesco que insistir em fazer carnaval. Seu nome vai viver em cada história bem contada, em cada fantasia vestida, em cada alegoria que flerte com a inteligência e a beleza”.

Influência no Carnaval

Gabriel Haddad considerou a obra de Rosa “eterna”. “Rosa foi uma referência, vai ser uma referência ainda para muitas e muitas gerações de pessoas que trabalham com a arte brasileira. O carnaval é uma arte que só a gente sabe fazer e Rosa foi uma das maiores de todas”, declarou.

A Acadêmicos do Salgueiro lembrou do início da carreira de Rosa. “Em 1971, o barracão do Salgueiro ficava em um quintal em Botafogo. Entre os nomes presentes estavam Joãosinho Trinta, Lícia Lacerda, Maria Augusta e Rosa Magalhães, que começou sua carreira ali, junto a um pequeno time de artistas e dois assistentes. Com a ajuda do mentor Fernando Pamplona, Rosa ingressou no mundo do carnaval durante aulas na Escola de Belas Artes”.

Reconhecimento

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, classificou Rosa como “uma das mentes mais brilhantes da nossa maior manifestação cultural”. O jornalista Fábio Fabato chamou-a de “maior fazedora de festas populares”, equiparando-a a artistas como Tarsila do Amaral e Cândido Portinari. “Através da arte de Rosa Magalhães, através de suas criações, nós nos descobrimos mais brasileiros, já que ela foi uma investigadora profunda de causos e curiosidades na nossa cultura que, muitas vezes, os livros didáticos não contam.”