A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) acionou a Justiça contra a atriz e influenciadora Antonia Fontenelle após se tornar alvo de ofensas com conteúdo racista e transfóbico.
Neste sábado, 19 de julho, a parlamentar protocolou uma ação no Juizado Especial Cível da Comarca de São Paulo exigindo uma indenização de R$ 50 mil por danos morais. A motivação do processo é um vídeo publicado no canal de Fontenelle no YouTube, no dia 18 de julho, que segue disponível até a publicação desta matéria.
Durante a gravação, Fontenelle cita o nome da deputada ao comentar sobre o projeto de lei 1112/23, de autoria do deputado Alfredo Gaspar (União-AL), que propõe mudanças na Lei de Execução Penal. O projeto exige o cumprimento de pelo menos 80% da pena para progressão de regime em casos de crimes hediondos. Parlamentares do PT e do PSOL votaram contra o texto — entre eles, Erika Hilton.
O que disse Antonia Fontenelle
A influenciadora não apenas questionou o voto da deputada, como também recorreu a ataques pessoais, com frases agressivas que rapidamente repercutiram nas redes. “Preta, do cabelo duro, como todos os pretos são”, afirmou, antes de completar que pessoas negras deveriam “parar de querer ser brancos e ser loiros porque vocês não são”.
Além do discurso ofensivo, Antonia Fontenelle subiu ainda mais o tom ao fazer uma ameaça direta. “Você é preta, do cabelo duro, como todos os pretos são. E isso não é demérito. Mas você não quer ser uma preta do cabelo duro, quer ser uma branca loira.”
A fala provocou uma enxurrada de reações nas redes sociais, com internautas acusando a youtuber de racismo e inclusive transfobia.
Ainda durante o vídeo, ela afirma, com tom de ameaça, que se confrontada por Erika, “puxaria a peruca e deixaria careca”. Logo em seguida, puxa os próprios cabelos e diz: “Isso aqui é meu. E ninguém vai mudar essa porra”.
Antonia pode pagar valor pedagógico
No processo, os advogados da deputada Erika Hilton sustentam que o discurso configura injúria racial e transfobia. Eles argumentam que as falas atingem diretamente a honra, a imagem e a dignidade da parlamentar.
A petição judicial menciona trechos da Constituição Federal e do Código Civil, além de citar decisões recentes do Supremo Tribunal Federal que equiparam homotransfobia ao crime de racismo — uma prática que, conforme a própria Corte, é inafiançável e imprescritível.
O valor solicitado pela deputada na ação — R$ 50 mil — também tem um objetivo educativo. A equipe jurídica de Erika destaca a necessidade de uma resposta firme para coibir reincidências. Eles apontam que Fontenelle já responde a outros processos por calúnia, injúria e difamação, e que esse histórico precisa ser considerado para fins de responsabilização.
Apesar da repercussão negativa e da gravidade das falas, Antonia Fontenelle não se pronunciou. A influenciadora foi procurada por meio de e-mails e mensagens, mas permaneceu em silêncio até o fechamento desta matéria.
Polêmicas, ataques e processos
A postura de Fontenelle, que já protagonizou diversos episódios polêmicos, tem chamado atenção pela frequência com que recorre a ataques públicos contra personalidades ligadas a movimentos sociais.
Seu histórico de confrontos, geralmente contra mulheres, pessoas negras e integrantes da comunidade LGBTQIA+, sustenta a imagem de uma figura que utiliza a provocação como estratégia de engajamento.
Por outro lado, Erika Hilton representa um marco importante na política brasileira. Mulher trans e preta, ela ocupa espaço de relevância no Congresso Nacional e atua em defesa de pautas sociais urgentes, como os direitos humanos, a igualdade racial e de gênero. Sua presença no Parlamento simboliza resistência, representatividade e luta por justiça.
O caso gerou grande repercussão nas redes sociais, com manifestações de apoio à deputada e pedidos de responsabilização judicial contra Fontenelle. Personalidades públicas, militantes e organizações ligadas aos direitos civis também se pronunciaram sobre a gravidade dos ataques.
A expectativa agora gira em torno da tramitação do processo e das possíveis consequências judiciais para Antonia Fontenelle. Caso condenada, a influenciadora poderá ser obrigada a pagar a indenização, além de responder por crimes que envolvem discurso de ódio.
Falas racistas e ameaça escalam tom da polêmica
Para completar o vídeo, Antonia afirmou: “É uma trans que teve a chance de mostrar que poderia ter caráter, independente de ser uma trans ou qualquer outra coisa. Mas você não tem.” Em seguida, lançou uma ameaça: “Se vier pra cima de mim eu puxo a peruca e te deixo careca… Porque, ó, isso aqui é meu e ninguém vai mudar essa porra.”
Erika Hilton é uma das parlamentares mais representativas do país. Como mulher preta e trans, sua presença no Congresso simboliza a luta por direitos e igualdade. Antonia Fontenelle, por outro lado, acumula episódios polêmicos e tem histórico de ataques contra figuras públicas ligadas a causas sociais, incluindo mulheres e pessoas LGBTQIA+.
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