05 de fevereiro de 2025

Entrevista: “Em 2022, lucrava R$ 6 mil por mês, hoje lucro R$ 4 mil e olhe lá”, diz motorista de app

peixe-post-madeirao

Sérgio Bueno compartilha sua trajetória como motorista de aplicativo, destacando os desafios e mudanças que enfrentou desde que ingressou na profissão. Natural de Curitiba, ele decidiu trabalhar com transporte por aplicativos após o impacto da pandemia em seu negócio anterior, encontrando na direção uma alternativa para manter a renda. A entrevista aborda desde suas primeiras experiências na área até as razões que o levam a considerar essa atividade apenas como complemento financeiro atualmente.

Ao longo da conversa, Sérgio reflete sobre as diferenças no mercado ao longo dos anos, as dificuldades enfrentadas pelos motoristas e as estratégias que utiliza para se adaptar. Ele também discute as condições de trabalho na área e oferece conselhos práticos para quem está pensando em iniciar nesse segmento.

Por que você decidiu trabalhar nessa área, e em qual cidade atua? Desde quando é motorista?

Sérgio: Trabalho como motorista de aplicativo há três anos em Curitiba, Paraná. Entrei nessa área porque, pouco antes da pandemia, eu havia adquirido uma microfranquia, mas, com a chegada da crise, não consegui desenvolvê-la como planejava. A pandemia impactou muito meu negócio, consumiu minhas reservas, e acabei vendendo a franquia. Precisava de uma alternativa para pagar as contas, e dirigir para apps foi a solução.

Você acredita que naquela época era mais “fácil” ganhar dinheiro como motorista?

Sérgio: Com certeza! Três anos atrás, a situação era bem melhor. O combustível estava em torno de R$ 4,90, e as corridas pagavam mais. Atualmente, é muito mais difícil atingir o mesmo nível de ganhos. Os valores por corrida diminuíram, enquanto o custo de manutenção do carro e o preço dos combustíveis aumentaram. Hoje, é preciso trabalhar muito mais para alcançar um rendimento razoável.

Você lembra da sua primeira corrida? Como foi a experiência?

Sérgio: Sim, lembro bem. Era um trajeto entre dois bairros aqui em Curitiba, e o valor bruto foi de R$ 20. Na época, fiquei nervoso, porque era algo totalmente novo e não recebemos nenhum treinamento. No entanto, com o tempo, fui me acostumando. Hoje, a mesma corrida renderia cerca de R$ 17, o que mostra como os ganhos diminuíram.

Como você organiza sua rotina como motorista? Tem metas diárias ou semanais?

Sérgio: Até uns dois meses atrás, minha meta era fazer R$ 300 brutos por dia. Costumava sair para trabalhar às 16h e ficava até alcançar esse objetivo. Em dias mais fracos, como terças-feiras, terminava mais cedo. No entanto, agora estou migrando para outra atividade e reduzindo as horas ao volante. Pretendo fazer cerca de oito corridas por dia, como um complemento de renda.

Em 2022, quando começou, sua meta era diferente?

Sérgio: Era maior, sim. No início, eu estava empolgado, cheguei a trabalhar 12 horas por dia e a ter metas de R$ 400 brutos. Mas, com o tempo, as despesas com o carro começaram a pesar, e a rotina ficou exaustiva. Atualmente, faço entre 8 e 10 horas, mas quero reduzir ainda mais.

Você mencionou que está migrando para outro trabalho. Na sua opinião, o motivo é não valer mais a pena ser motorista de app?

Sérgio: Exato. Peguei um trauma. O desgaste do carro, o aumento dos custos e os valores baixos das corridas tornaram inviável depender apenas disso. Além disso, considero perigoso: há risco de assaltos, acidentes e muito desgaste físico e psicológico. As plataformas favorecem os passageiros e sugam os motoristas. Por isso, quero manter isso apenas como renda extra.

Qual conselho você daria para quem está começando como motorista de aplicativo?


Sérgio: Não recomendo que essa seja a única fonte de renda. É melhor encarar como algo temporário ou complementar. As plataformas reduzem os valores das corridas, o que força os motoristas a trabalharem mais horas para alcançar os mesmos ganhos. Isso dificulta buscar alternativas e cansa muito.

Você sabe quanto ganhava líquido no início e quanto ganha hoje?

Sérgio: Em 2022, já cheguei a ganhar cerca de R$ 6 mil líquidos por mês. Hoje, esse valor caiu para R$ 4 mil, e olha lá.

 

Fonte: 55content.