Para atender à demanda reprimida de estudantes que enfrentam dificuldades para cursar o ensino médio em localidades de difícil acesso em Rondônia, como zona rural, áreas ribeirinhas, quilombolas, indígenas, entre outras, o governo do estado iniciou planejamento em 2013, por meio da Secretaria de Educação (Seduc), para implantação do projeto de mediação tecnológica semelhante ao do Amazonas, mas com metodologia diferente. Aprovado pelo Conselho Estadual de Educação (CEE), o projeto foi implantado em 2016 para dois mil alunos do 1º ano do ensino médio em 85 escolas; atendendo em 2017 a 4.351 distribuídos em 217 turmas do 1º e 2º anos em 121 unidades educacionais; e a partir de 2018 contempla 5.800 alunos dos três anos do ensino médio com 291 turmas em 118 escolas. A primeira turma concluinte neste ano receberá dois certificados, pois paralelamente, desde o 1º ano, tinha aulas sobre cooperativismo.
A gerente do Ensino Médio com Mediação Tecnológica, Giovanna Gvozdanovic da Silva explicou que até sua consolidação o programa enfrentou muitos desafios, com questionamentos feitos pelo Ministério Público (MP), Sindicato dos Trabalhadores na Educação (Sintero) e as entidades representativas do homem do campo, que resultaram em audiência pública na Assembleia Legislativa. Após ajustes solicitados pelo MP e o CEE, inclusive para a inserção de intérprete em Língua Brasileira de Sinais (Libras) e aulas práticas de educação física, Giovanna afirma que a proposta agora está consolidada por garantir 80% de aprovação dos alunos e a redução do número de reprovados e da evasão escolar.
“As aulas são ministradas por professores habilitados nos componentes curriculares, que passaram por formação especifica para com eficiência proporcionar a construção de saberes aos educandos inseridos no projeto extinguindo, assim, a desigualdade entre o ensino urbano e rural”, definiu.
De acordo com Giovanna, para fazer chegar as aulas por módulos até os alunos, duas vezes por semana, o governo estadual firmou termo de cooperação com o Instituto Federal de Educação (Ifro), que por oferecer ensino a distância conta com estúdio em sua estrutura e parceria com empresa terceirizada que fornece os equipamentos de tv e o satélite que faz a transmissão. Já o quadro de professores é do estado, selecionados com base em entrevista e análise de currículo, e posteriormente passam por capacitação. Ainda com base no termo, os alunos assistem aulas três vezes por semana ministradas por professores do Ifro. Nos três primeiros anos são sobre cooperativismo, e a partir de 2019 a gerente adiantou que serão sobre agroecologia ou meio ambiente.
“Não basta apenas querer dá aula. Tem que ter perfil, habilidade para ministrar a aula no estúdio, que é acompanhada ao vivo pelos alunos em uma sala, sob a supervisão de outro professor”, observou a gerente, citando que durante a aula podem ser feitos questionamentos via internet, pois um professor fica dando suporte no estúdio, enquanto o outro ministra; ou podem ser enviados posteriormente, caso não haja acesso à internet no local. “As aulas são bem interativas e geralmente os professores usam roupas conforme o tema a ser abordado”, reforçou Giovanna, completando que também para não ficar cansativo, são feitos intervalos a cada 40 minutos, uma vez que são duas aulas por dia de disciplinas diferentes, com duração de quatro horas.
Ela observou que todas as aulas planejadas para o ano letivo têm seu desenvolvimento acompanhado e analisado, inclusive se os trabalhos extraclasses e as provas condizem com o que foi apresentado via tv. Entre as tarefas extraclasses executadas pelos alunos, está a produção de queijo, iogurte, frutas desidratadas ou cristalizadas e horta. Para tornar as aulas mais atrativas, Giovanna disse que são intercaladas com reportagens externas sobre o tema programado.
“Além de atender a uma demanda reprimida com o ensino médio, preparamos para vida, para a universidade e também para o mercado de trabalho”, ressaltou, lembrando que com base no projeto Aluno Digital cada aluno do 1º ano da mediação tecnológica ainda foi contemplado com netbook, que serão devolvidos neste ano quando concluem o ensino. Após manutenção, os equipamentos deverão ser distribuídos para novas turmas.
Outra proposta é levar a internet às escolas, a maioria municipal, que numa parceria do governo com as prefeituras atendem aos alunos do estado. Ainda conforme Giovanna, o projeto objetivava atender apenas aos alunos do campo, mas foi expandido para a zona urbana, em municípios como Guajará-Mirim e Costa Marques, devido à dificuldade de lotação de professores.