Edna Frazão Ribeiro, uma figura emblemática na história do Amazonas, foi a primeira mulher a receber o título de Miss Amazonas. Diferente das eleições de beleza da época, sua escolha em 1928 foi inovadora: realizada através de votação popular, organizada pelos jornais do Comércio e Rádio Baré.
A eleição mobilizou a sociedade manauara, com a população recortando cupons do Jornal do Comércio para depositar seus votos em urnas instaladas na sede do jornal. Clubes sociais como o Ideal Clube e o Atlético Rio Negro também participaram ativamente do processo, demonstrando o engajamento da comunidade.
Edna, filha de Adrião Ribeiro Nepomuceno e Rosa Frazão Ribeiro, era conhecida por seu sorriso encantador e beleza natural. Em plena elegância, representou o Amazonas no primeiro concurso de Miss Brasil, no Rio de Janeiro, acompanhada de seu irmão.
Na época, a descrição de Edna nos jornais ressaltava sua estatura moderada, rosto iluminado e um belo vestido azul-ferrete com detalhes bordados. Ela carregava consigo as lembranças e a cultura da Amazônia, sem perder o encanto com a “cidade maravilhosa”. Normalista e dedicada aos estudos, era apaixonada por literatura, especialmente pelas obras de Gonçalves Dias e Castro Alves.
Sua visão sobre o papel da mulher na sociedade refletia os costumes da época, valorizando o lar. Apesar de não ser atleta, admirava a natação e apreciava a natureza exuberante de sua terra natal, preferindo caminhar sob o sol sem procurar sombra.
Após o concurso, Edna retornou a Manaus e foi recebida com grande entusiasmo, sendo homenageada no Atlético Rio Negro Clube. Sua vida seguiu um novo rumo ao se casar com o magistrado João Pereira Machado em 1930, mudando-se para Humaitá, no interior do Amazonas.
Juntos, enfrentaram as dificuldades da vida no interior, construindo uma família com três filhos: Cláudia Rosa, João Lúcio e Gil Machado. A família se transferiu para Parintins em 1940, onde os filhos estudaram em colégios internos.
Em 1943, Edna faleceu vítima de tifo, uma doença que na época não tinha cura. Apenas em 1950, o antibiótico Cloromicetina foi descoberto para combater a enfermidade. Após sua morte, João Pereira Machado se casou novamente com Maria Arminda Botelho Mourão, tendo mais uma filha, Edna Maria Mourão Pereira Machado.
Os filhos de Edna e João seguiram carreiras de destaque. João Lúcio e Gil Machado se tornaram médicos, e o nome de João Lúcio foi dado a um importante hospital em Manaus. Em homenagem à sua memória, Gláucio Gonçalves, então prefeito de Parintins, autorizou o translado de seus restos mortais para Manaus, onde foi sepultada no Cemitério de São João Batista, ao lado de seu esposo.
A história de Edna Frazão Ribeiro é um importante capítulo da história do Amazonas, representando a beleza, a força e a cultura da região.