Circula nas redes sociais um vídeo com a alegação de que lotes de café foram contaminados com metanol. A informação é falsa.
O que mostra a publicação falsa
O vídeo, intitulado “Café contaminado por metanol em todo o Brasil”, foi publicado inicialmente no TikTok e se espalhou por outras plataformas, incluindo o WhatsApp. O conteúdo utiliza inteligência artificial para criar um áudio falso, atribuindo à jornalista Renata Vasconcellos, apresentadora do Jornal Nacional, a seguinte declaração: “Cafés contaminados com metanol por todo o Brasil. O acidente de fabricação que colocou a saúde em risco. Uma situação alarmante está acontecendo em todo o Brasil. Lotes de café contaminados com metanol estão sendo distribuídos para o consumo. O que parecia ser uma rotina de produção simples acabou se tornando um pesadelo para a população”.
As imagens de fundo do vídeo apresentam características típicas de conteúdos gerados por inteligência artificial, como letras e palavras inexistentes em rótulos e telas.
A disseminação do conteúdo falso ocorre em meio aos recentes casos de intoxicação por metanol após o consumo de bebidas alcoólicas no Brasil. Até a última quarta-feira (8), o governo de São Paulo informou que o número de mortos no estado subiu para cinco.
Por que a publicação é falsa
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) informou que “não há registro, recente ou histórico, de contaminação de lotes de café por metanol no Brasil. O café é um produto de origem vegetal submetido a controles oficiais e a práticas industriais que não utilizam solventes ou agentes químicos dessa natureza. Assim, a ocorrência de metanol no café é tecnicamente impossível nas condições normais de produção e processamento”.
A pasta detalhou que nenhuma das etapas do processo de produção do café – da colheita à moagem e ao envase – envolve o uso de substâncias como o metanol.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) declarou que “não foi recebida qualquer denúncia (fundamentada ou não) que relacione a contaminação por metanol em bebidas não alcoólicas, incluindo refrigerantes, ou em café em pó ou leite”.
O Ministério da Saúde já havia informado que o Centro Nacional de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) não recebeu “nenhuma notificação de intoxicação por metanol causada após a ingestão de bebida não alcoólica”.
A análise do conteúdo viral pela ferramenta Hiya Deepfake Voice Detector indicou uma alta probabilidade de ser um deepfake (técnica de adulteração de vídeos e fotos). A ferramenta atribuiu uma nota 3 (em uma escala de 0 a 100), indicando que o áudio é provavelmente fabricado. A equipe do Jornal Nacional também confirmou a falsidade do conteúdo.











