Dólar bate recorde e bolsa fecha em queda nesta sexta-feira
O mercado financeiro enfrentou um dia de forte tensão nesta sexta-feira (6). O dólar comercial atingiu o recorde nominal de R$ 6,07, enquanto o Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, recuou 1,5%, encerrando abaixo dos 126 mil pontos.
A alta do dólar e a queda da bolsa foram impulsionadas por fatores externos e internos, como a divulgação de dados robustos do mercado de trabalho nos Estados Unidos e as incertezas sobre a tramitação do pacote econômico no Congresso Nacional.
Dólar atinge maior cotação nominal desde o Plano Real
O dólar comercial encerrou o dia vendido a R$ 6,071, registrando alta de 1%. Essa é a maior cotação nominal desde a criação do Plano Real, em 1994.
Durante a manhã, a moeda norte-americana chegou a cair para R$ 5,99, mas inverteu a tendência após a divulgação de dados positivos de emprego nos Estados Unidos. A divisa encerrou a semana acumulando alta de 1,02% e, no acumulado de 2024, já registra uma valorização de 25,1%.
Mercado de ações também sofre impacto
A bolsa brasileira também sentiu os efeitos do cenário econômico. O índice Ibovespa fechou o dia aos 125.946 pontos, com uma queda de 1,5%.
No início da manhã, o índice operava com leve baixa, mas despencou após os dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos serem divulgados, aumentando o pessimismo entre investidores.
O que motivou a alta do dólar?
Dois fatores principais contribuíram para o nervosismo no mercado financeiro:
1. Dados de emprego nos EUA
- Em novembro, foram criados 227 mil postos de trabalho fora do setor agrícola nos Estados Unidos.
- O número superou as expectativas, mostrando recuperação frente a outubro, quando apenas 36 mil vagas foram abertas devido a eventos climáticos e greves no setor industrial.
- O resultado reduziu as chances de novos cortes na taxa de juros pelo Federal Reserve (Fed), atualmente na faixa de 4,5% a 4,75% ao ano.
2. Incertezas no cenário doméstico
No Brasil, o mercado reagiu negativamente à tramitação do pacote de ajuste fiscal do governo no Congresso.
- Há temores de que o pacote seja desidratado, principalmente com a retirada de mudanças no Benefício de Prestação Continuada (BPC).
- A resistência política às medidas foi mal recebida pelos investidores, aumentando a aversão ao risco no mercado interno.
Contexto global e impacto no Brasil
A pressão sobre o dólar não foi exclusividade do Brasil. A moeda norte-americana se valorizou globalmente após os dados de emprego nos EUA. Isso porque um mercado de trabalho aquecido reduz a necessidade de cortes na taxa de juros, fortalecendo o dólar.
No Brasil, o impacto é mais acentuado devido à instabilidade política e econômica, com as incertezas sobre as medidas fiscais propostas pelo governo.
Próximos passos do mercado
Especialistas afirmam que o comportamento do mercado financeiro nas próximas semanas dependerá de fatores como:
- Tramitação do pacote fiscal no Congresso: A aprovação ou não das medidas será crucial para o humor dos investidores.
- Decisão do Fed sobre juros: Uma postura mais dura do banco central norte-americano pode manter o dólar em alta.
- Cenário externo: A evolução da economia global também pode influenciar as cotações e os índices domésticos.