Brasil Registra um Carro para Cada 3,32 Habitantes e Enfrenta Desafios na Mobilidade Urbana
Em todo o país, ciclistas uniram forças nesta sexta-feira (22) para celebrar o Dia Mundial Sem Carro, uma iniciativa que visa repensar os padrões de mobilidade urbana. A ênfase recai nos benefícios que essa mudança pode trazer para o meio ambiente, a economia e a saúde física e mental, incentivando as pessoas a deixarem seus veículos motorizados em casa e optarem por meios de transporte mais sustentáveis, como caminhada, bicicleta, monociclo elétrico, patins, skate ou patinete – conhecidos como modais de mobilidade ativa.
Essa data integra a Semana Nacional do Trânsito, que se estende de segunda-feira (18) a segunda-feira (25) e também engloba a Semana Nacional da Mobilidade.
Em Brasília, a organização não governamental Rodas da Paz, fundada em 2003, liderou um passeio de bicicleta de 5 quilômetros, partindo da Rodoviária do Plano Piloto em direção à Câmara Legislativa do Distrito Federal. Mesmo sob calor intenso e baixa umidade, os ciclistas seguiram todas as medidas de segurança, promovendo a mobilidade sustentável e buscando diminuir a “carrodependência”, como é chamado o forte vínculo com os veículos motorizados.
O grupo de ciclistas exibiu faixas em prol de um trânsito consciente e ecológico, apoiando a ideia de menos carros e motos nas ruas, enquanto promoviam a coexistência pacífica entre motoristas, ciclistas e pedestres no Distrito Federal.
Frota de Veículos em Crescimento
Em celebração ao Dia Mundial Sem Carro, a Confederação Nacional de Municípios (CNM) divulgou um estudo que revela o aumento da frota de veículos no Brasil e seu impacto negativo nas cidades. Essa expansão tem causado perdas econômicas estimadas em cerca de R$ 247,2 bilhões devido a problemas na mobilidade urbana, incluindo congestionamentos, poluição, atrasos e acidentes no trânsito.
O estudo, baseado em dados coletados até julho deste ano pela Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), do Ministério dos Transportes, indica que o Brasil possui atualmente 61,2 milhões de carros registrados, o que equivale a um carro para cada 3,32 habitantes. Considerando apenas motocicletas, existem 32.474.102 unidades em circulação no país, o que representa aproximadamente uma moto para cada seis pessoas. A quantidade de caminhões em circulação chega a 17.466.728.
O estudo aponta um aumento de 35% na frota de veículos em relação a uma década atrás, quando havia cerca de 80 milhões de veículos em circulação no país.
Paulo Ziulkoski, presidente da CNM, expressou preocupação com o aumento de veículos nas ruas e seu impacto negativo. “Esses veículos são responsáveis pela poluição, prejudicam a saúde da população, causam transtornos no trânsito e têm um impacto financeiro significativo nos municípios, que muitas vezes não possuem a infraestrutura necessária para acomodar esse intenso fluxo”, destacou.
O estudo também revela que, embora ônibus tenham capacidade de transporte maior, apenas 1% da frota escolhe o transporte coletivo. Carros particulares são a opção de 52% dos condutores, seguidos por motocicletas, preferidas por 28% dos motoristas.
De acordo com a Secretaria Nacional de Trânsito, de 2018 a 2023, o Brasil registrou cerca de 1.048.575 acidentes de trânsito, que resultaram em danos materiais, lesões corporais ou mortes. Esses acidentes são classificados como a oitava principal causa de morte no Brasil, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). O país ocupa a terceira posição no ranking global de mortes no trânsito, ficando atrás apenas da China e da Índia.
O estudo da CNM sugere a promoção de alternativas de transporte público de qualidade, o estímulo ao compartilhamento de veículos e investimentos em infraestrutura viária inteligente para aumentar a segurança nas ruas e melhorar a qualidade de vida da população.