O dia de volta às aulas é uma certeza que está presente em qualquer calendário do mundo. Ou melhor, em quase todos os calendários do mundo. No calendário do governo de Rondônia, já não se sabe.
Pelo menos é o que estão pensando as centenas de famílias cujos filhos e filhas estudam em algumas escolas do Estado. Isso, porque ninguém sabe ao certo quando as aulas vão recomeçar – apesar do ano letivo já ter começado.
Foi durante uma reunião, na semana passada, que pais, mães e responsáveis de estudantes das escolas Instituto de Educação Estadual Carmela Dutra e Professor Roberto Duarte Pires tiveram contato com a falta de planejamento, desorganização e descaso do governo Marcos Rocha para com a educação. Apesar de todo mundo saber que as aulas teriam que começar logo depois do Carnaval, as condições das citadas escolas passaram batido até o início do ano letivo.
Uma pior que a outra
Obras de estrutura nas duas unidades vinham sendo tocadas como se não houvesse amanhã. A secretaria de Educação de Rondônia, Ana Lúcia Pacini, provavelmente não sabia em que pé estariam as obras. Se soubesse, talvez tivesse preparado alguma solução para as famílias dos estudantes da Carmela Dutra e da Roberto Duarte Pires.
Mas não. Somente na semana passada, sem a presença da titular da pasta, é que fizeram três sugestões – cada uma pior que a outra: 1) aulas online; 2) aulas aos sábados em escolas emprestadas; 3) a locação de uma escola.
Ineficaz
Por que as sugestões podem ser consideradas ruins? 1) porque o ensino online na pandemia mostrou-se ineficaz; 2) porque as outras sugestões podem levar até três meses para serem viabilizadas. Daí se entende porque a secretária de Educação de Rondônia sequer chegou perto da reunião com as famílias dos alunos e alunas das duas unidades de educação.
“Eu acho que se a secretária Ana Lúcia Pacini estivesse ciente do problema, de verdade, ela teria organizado uma alternativa já faz tempo, e não deixar para depois do início das aulas”, disse uma mãe cujos dois filhos estudam na Carmela Dutra. Obviamente a mãe não quis se identificar, com receio de que os filhos possam sofrer algum tipo de perseguição diante da crítica da mãe à Seduc.
Represálias
Mas nem todo mundo tem receio de represálias da Seduc. Em audiência no último dia 12, no plenário da Assembleia Legislativa de Rondônia, o deputado estadual Luizinho Goebel desceu a lenha na Seduc: “Rondônia está vivendo um apagão de governo”. Entre outros pontos, ele citou a situação do transporte público escolar em Alvorada do Oeste. Ele contou que em pleno mês de março, com as aulas já iniciadas, muitos estudantes estão em casa, por falta de transporte escolar, que é uma atribuição do governo estadual. “Se não bastasse a questão do transporte, temos que falar também do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), que é o que mede o nível da educação no Brasil. O que se tem percebido é que Rondônia está caminhando para ter umas das piores educações do país”, enfatizou.
Carência
O deputado, que é presidente da Comissão de Educação na Casa de Leis, afirmou que, diariamente, chegam às mais variadas demandas do setor. Entre essas, ele ressaltou a situação estrutural das escolas e a carência de mestres. “São escolas caindo aos pedaços e, como se não bastasse, temos também a falta de professores. Inclusive, ontem, recebi a ligação de um pai, da cidade de Vilhena, que me perguntou, qual o motivo do filho dele estar indo e voltando da escola por falta de professores? Aí, eu me deparo, pensando: aquele cidadão estava certo, é um apagão também por falta de servidores”, lamentou.
“Simancol”
Falta de servidores, falta de planejamento, falta de organização e falta de “simancol”. Talvez sejam essas as faltas que estão se acumulando no governo Marcos Rocha na condução da educação no Estado. Enquanto isso, alunas e alunos de várias escolas de Rondônia vão acumulando – contra a própria vontade – faltas nas salas de aula. Depois disso tudo, quem será que vai merecer ficar de recuperação? Nossos estudantes ou o nosso governo?