Durante a COP30, em Belém (PA), o xamã Davi Kopenawa, do povo Yanomami, de Roraima, e Katia Penha, coordenadora da Conaq (Articulação das Comunidades Negras Quilombolas), participaram de um debate sobre soluções baseadas em territórios para combater a crise climática. O debate ocorreu na chamada “zona azul”, área oficial de negociações da conferência.
Kopenawa questionou a ausência dos Estados Unidos, um dos maiores emissores de poluentes do mundo, na COP. Em sua fala, ele cobrou explicações sobre a origem do problema:
“Quem inventou isso? Mudança climática? Os americanos. Será que tem americanos aqui, para explicar para nós como que eles criaram esse problema, criaram essa doença, criaram esse veneno? Envenenar a água, desmatamento. Eles são culpados. Cadê eles?”
A Terra Indígena Yanomami tem enfrentado graves invasões de garimpeiros nos últimos anos, que têm causado fome e sofrimento à comunidade. Desde 2023, uma força-tarefa do governo federal atua na tentativa de expulsar os garimpeiros do território. Kopenawa expressou a preocupação de que o mundo enfrentará ainda mais dificuldades nos próximos anos devido à falta de ações efetivas para preservar o meio ambiente.
“Daqui para a frente vai ter muita coisa ruim. Vai morrer muita floresta. Vai ter muito problema. Daqui para a frente, 60 anos, o sofrimento vai chegar. Vai chegar fome. Essa mudança climática que, para mim, significa pobreza, doença, poluição de água. Sem a floresta, nós vamos sofrer”.
Territórios quilombolas e a crise climática
Kátia Penha destacou o papel fundamental das comunidades quilombolas na proteção dos diversos biomas brasileiros. Para ela, a titulação das terras tradicionais dessas comunidades é essencial para garantir a proteção ambiental.
“Nós estamos com uma delegação grande e trazendo pontos importantes. Queremos discutir soluções climáticas, e não há soluções climáticas sem considerar os territórios quilombolas titulados no Brasil. Não há soluções climáticas sem adaptações viáveis e sem ouvir as comunidades sobre como construir essas soluções.
A coordenadora da Conaq enfatizou a importância de que os líderes mundiais ouçam as comunidades mais afetadas pela crise climática:
“A comunidade deve ser incluída nas decisões sobre as mudanças climáticas. Nós somos um povo guardião desse planeta e estamos aqui na América Latina protegendo 205 milhões de hectares. Isso não pode ser ignorado e precisa ser discutido aqui como uma política, porque esses territórios estão preservados graças a essas comunidades, a esse povo e a esse saber ancestral.”
Com informações do Portal Amazônia









