De discos de arado a facas únicas: artesãos rurais transformam materiais descartados em peças de alta qualidade e durabilidade
Facas artesanais produzidas em oficinas da região reaproveitam aço de ferramentas antigas e unem tradição, técnica e sustentabilidade.
A tradição de carregar um canivete no bolso atravessa gerações no campo e segue presente na rotina de muitos produtores rurais. Para quem trabalha na lida diária, a faca é ferramenta indispensável, usada tanto no serviço quanto nos momentos de descanso, como no corte de frutas.
Em Mirassol (SP), Edmilson Carlos da Silva dedica-se à cutelaria há 11 anos. Ele montou uma oficina onde produz peças artesanais vendidas para diferentes regiões do Brasil e do exterior. O aprendizado foi gradual: “Sem equipamentos no início, Edmilson buscou conhecimento em estudos e vídeos até dominar as técnicas.” Hoje, a cutelaria virou atividade familiar, com o filho produzindo facas e a esposa cuidando das vendas e divulgação.
Um dos diferenciais da produção é o reaproveitamento de materiais. Discos de arado e ferramentas antigas, que iriam para o lixo, ganham nova função nas mãos do cuteleiro. Além de reduzir custos, a prática torna o processo mais sustentável. Peças como grosas usadas para casqueamento de cavalos são transformadas em facas exclusivas, preservando marcas e detalhes originais. O tratamento do material é feito na forja, que atinge temperaturas entre 700 e 1.000 graus Celsius. Segundo os profissionais, o domínio do tratamento térmico é essencial para garantir resistência e durabilidade às lâminas. Embora seja possível usar aço carbono ou inox novos, o reaproveitamento segue como alternativa mais viável.
Gilsimar também adotou a cutelaria como profissão, transformando um antigo barracão de ferramentas agrícolas em espaço de produção. As facas passam por lixamento, polimento e recebem fio de corte, muitas vezes mantendo o estilo “brut forge”, que preserva a aparência original do aço. Os cabos seguem a mesma proposta rústica, feitos de madeira, chifre ou ossos de animais, com uso autorizado pelos órgãos ambientais. Do canivete ao cutelo mais pesado, as peças são pensadas para diferentes finalidades.
Para os cuteleiros, ver uma faca pronta, cheia de detalhes, e saber que ela nasceu de um material reaproveitado é motivo de orgulho e estímulo para seguir aperfeiçoando o trabalho. “Ver uma faca pronta, cheia de detalhes, e saber que ela nasceu de um material reaproveitado é motivo de orgulho”, afirma um dos artesãos.
Veja a reportagem exibida no programa em 21/12/2025:
Cuteleiros reciclam materiais e criam facas únicas
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Com informações do G1









