A Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), que acontece em Belém, no Pará, recebeu uma demonstração vibrante da cultura amazônica com a apresentação do Cordão da Bicharada. O tradicional desfile de foliões fantasiados de animais, com mais de 50 anos de história, marcou presença no primeiro dia do evento que reúne líderes mundiais.
A Bicharada, como é carinhosamente chamada, é uma tradição do município de Cametá, no interior do Pará. Apesar de algumas reações de estranhamento por parte do público presente, a apresentação buscou levar um alerta sobre a importância da preservação da fauna amazônica para um palco global.
O que é o Cordão da Bicharada?
Criado em 1975 pelo mestre Zenóbio Ferreira, no distrito de Juaba, em Cametá, o Cordão da Bicharada nasceu como uma forma de conscientização ambiental. Inspirado nas histórias do pai sobre os animais da floresta, Zenóbio idealizou o bloco para dar voz aos bichos e alertar sobre os impactos negativos das queimadas e do desmatamento.
A primeira edição, em 1976, contou com 22 fantasias de animais feitas com materiais reciclados, como lona e juta. Araras, jacarés, cobras, macacos, jabutis, tucanos, botos e outros animais típicos da Amazônia ganharam vida através de danças e marchinhas, unindo a alegria do carnaval à causa ambiental.
Uma tradição de gerações
Inicialmente, o Cordão da Bicharada era restrito a adultos, com as crianças apenas assistindo e imitando os animais. Mas, a partir de 1993, Zenóbio abriu espaço para a participação dos pequenos, passando a tradição para as novas gerações. Segundo ele, as crianças pediam para brincar com as fantasias, transformando a manifestação em um momento de diversão para todas as idades.
O significado do nome “Cordão”
O termo “Cordão” diferencia essa brincadeira dos tradicionais blocos de carnaval, pois os foliões, fantasiados de animais, costumavam entrar nas casas das pessoas, seguindo um trajeto que lembrava a forma de um cordão. Atualmente, os cordões são levados de barco para o Carnaval oficial de Cametá, o famoso Carnaval das Águas.
Bicharada na COP30
Durante a COP30, o Cordão da Bicharada se apresentou no espaço Green Zone, reservado para a participação da sociedade civil e líderes globais, ao lado do mascote oficial da conferência, o Curupira. O ministro do Turismo, Celso Sabino, prestigiou a apresentação.
“A Amazônia é símbolo da força do nosso povo e do compromisso do Brasil com a preservação ambiental. Queremos que cada visitante da COP30 sinta a energia desse bioma e entenda que o turismo sustentável é um caminho eficaz para garantir desenvolvimento e proteção da floresta”, afirmou o ministro.
Apesar de ser um importante patrimônio cultural do Pará, a apresentação do Cordão da Bicharada gerou algumas críticas e incompreensão por parte de alguns espectadores, que desconheciam a história e o significado dessa manifestação cultural.











