Cientistas climáticos estão cada vez mais preocupados com a velocidade do aquecimento global e a diminuição da capacidade da Terra de se recuperar, conforme revelado em um relatório divulgado durante a COP30, em Belém (PA). O estudo, coordenado por 70 pesquisadores de 21 países, incluindo o Brasil, aponta que os chamados “sumidouros naturais” de carbono – como as florestas tropicais – estão atingindo seus limites e absorvendo menos CO2 do que o esperado.
Johan Rockström, diretor do Instituto Potsdam para Pesquisa sobre Impacto Climático, na Alemanha, ressalta a gravidade da situação. Ele, que é conhecido por ter proposto o conceito de “limites planetários”, alerta que o planeta está demonstrando sinais de que sua capacidade de absorver o impacto das emissões de gases de efeito estufa está diminuindo rapidamente. “Estamos em apuros. Precisamos agir mais rápido do que temos feito”, afirmou Rockström em sua apresentação na COP30.
O relatório indica que sete dos nove limites de segurança planetária já foram ultrapassados, incluindo mudanças climáticas, integridade da biosfera, uso do solo, consumo de água doce e os ciclos de nitrogênio e fósforo. A pesquisa também destaca que ecossistemas no hemisfério Norte já mostram sinais de redução na absorção de carbono desde 2016.
A situação é particularmente preocupante na Amazônia, onde algumas áreas já deixaram de ser sumidouros de carbono e se tornaram fontes de emissão. Além disso, o oceano, outro importante sumidouro de carbono e calor, também está absorvendo menos CO2, enquanto sofre com ondas de calor marinhas que devastam ecossistemas.
“O planeta inteiro está apresentando sinais de diminuição na capacidade de absorção de carbono”, explica Rockström. Ele enfatiza que a maior preocupação está nas regiões temperadas e boreais, bem como nas áreas de permafrost – solo congelado que retém grandes quantidades de gases de efeito estufa.
Para os cientistas, a ampliação da remoção de dióxido de carbono (CDR) é essencial, mas não deve substituir a necessidade urgente de reduzir drasticamente as emissões. O relatório defende diretrizes internacionais mais robustas e investimentos em pesquisa e inovação para apoiar as metas de curto e longo prazo, garantindo a proteção ambiental e social.
Rockström alerta que, mesmo com as metas climáticas atuais, a redução de emissões globais pode atingir apenas 5% até 2035, um ritmo insuficiente para evitar os piores impactos das mudanças climáticas. “Precisamos reduzir as emissões em 5% ao ano, não por década”, enfatiza.
O relatório, fruto de uma iniciativa da Future Earth, da Earth League e do Programa Mundial de Pesquisa Climática, visa fornecer informações científicas sólidas para subsidiar as negociações da COP30 e a tomada de decisões políticas.
*Conteúdo originalmente publicado pela Agência FAPESP.











