Foto: Alex Ferro/COP30
O Brasil lançou, durante a Cúpula de Líderes da COP30 em Belém, o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF). A iniciativa busca dar novo impulso aos compromissos climáticos assumidos em acordos anteriores, especialmente o Acordo de Paris de 2015, que visava mobilizar recursos para combater as mudanças climáticas.
O Acordo de Paris estabeleceu que países desenvolvidos investissem US$ 100 bilhões por ano em ações de combate ao clima e adaptação, beneficiando países em desenvolvimento na redução de emissões de gases de efeito estufa. No entanto, o cumprimento dessas promessas tem sido questionado, com avanços pouco reconhecidos por alguns países, como os Estados Unidos, sob a gestão de Donald Trump, que chegou a classificar as mudanças climáticas como uma “farsa”.
Essa falta de consenso tem dificultado a negociação de novos acordos ambientais, como o tratado global sobre plásticos e a redução de emissões no setor de transporte marítimo, ambos adiados recentemente por pressões políticas.
Apesar das críticas de ativistas como Greta Thunberg, que apontam para a falta de ação real e o “greenwashing” por parte de grandes empresas, a meta de US$ 100 bilhões anuais do Acordo de Paris foi superada na COP29, em Baku, Azerbaijão. Na ocasião, nações ricas se comprometeram a repassar cerca de US$ 300 bilhões por ano até 2035 para países em desenvolvimento.
No entanto, a experiência mostra que o cumprimento dessas promessas financeiras é incerto. Diante desse histórico, a viabilidade do novo fundo lançado na COP30, com um investimento inicial de US$ 1 bilhão anunciado pelo Brasil, gera dúvidas. A origem desses recursos, em meio à crise fiscal do país, ainda não foi detalhada.
O TFFF, gerido pelo Banco Mundial, prevê a captação de US$ 125 bilhões, com US$ 25 bilhões de governos e US$ 100 bilhões do setor privado. O Reino Unido, porém, sinalizou que não investirá no fundo, o que dificulta a meta brasileira de arrecadar pelo menos US$ 10 bilhões na COP30.
Para muitos observadores, as COPs têm se limitado à criação de fundos com resultados duvidosos, enquanto a Amazônia e outros ecossistemas continuam a enfrentar desafios ambientais, econômicos e sociais urgentes. Resta saber se o TFFF será capaz de gerar resultados concretos e contribuir para a proteção das florestas tropicais.
Sobre o autor
Osíris M. Araújo da Silva é economista, escritor, membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA) e da Associação Comercial do Amazonas (ACA).
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