Globo terrestre pendurado no teto de pavilhão da Blue Zone na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém (PA). Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Por Osíris M. Araújo da Silva – osirisasilva@gmail.com
A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), realizada em Belém do Pará, tem gerado frustração devido aos resultados limitados, um padrão comum nas 29 edições anteriores. A falta de avanços significativos, especialmente em relação ao combate ao aquecimento global e à proteção ambiental, contrasta com a urgência dos desafios enfrentados por países em desenvolvimento e pela população mais vulnerável.
Uma das principais apostas do governo brasileiro, o Fundo de Florestas Tropicais Para Sempre (TFFF), não conseguiu despertar o interesse de importantes economias como Reino Unido, Alemanha e China. A ausência de apoio chinês, somada à estagnação nas negociações com Índia e Japão, demonstra a falta de confiança no fundo e a dificuldade de obter compromissos concretos. Nem mesmo países da América Latina demonstraram apoio significativo.
A desconfiança no TFFF, mesmo com a suposta gestão do Banco Mundial, se deve à falta de planos, programas e projetos claros para lidar com os problemas climáticos e promover o desenvolvimento econômico sustentável. Há uma percepção de que o modelo de preservacionismo radical, defendido por algumas ONGs e alas do governo, esgotou-se na Amazônia, não conseguindo impedir o avanço do agronegócio e ignorando as necessidades da população local que busca melhor qualidade de vida e oportunidades de renda.
Para o autor, a Amazônia ainda é vista como um desconhecido em termos de potencial econômico estratégico para o desenvolvimento do país, especialmente na era da ciência e da tecnologia. É fundamental investir em pesquisa e inovação para utilizar a biodiversidade de forma sustentável, explorando sistemas como a Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF) e o Manejo Florestal Sustentável (MFS).
A COP30 reuniu 143 delegações internacionais, mas apenas 17 chefes de Estado e Governo, o que evidenciou os limites da estratégia brasileira de se posicionar como voz do Sul Global. A ausência de representantes de importantes emissores de gases de efeito estufa, como Estados Unidos, Índia, China e Rússia, comprometeu a efetividade da conferência, especialmente na celebração dos 10 anos do Acordo de Paris.
O número de participantes também diminuiu em relação às edições anteriores, com apenas 31 representantes nacionais presentes, comparado aos quase 100 da COP28, em Dubai. A ausência dos Estados Unidos, em particular, é um duro golpe para as expectativas de avanços significativos.
Diante desse cenário, as esperanças da população amazônica por desenvolvimento tecnológico e econômico sustentável permanecem adormecidas, em uma espera que se assemelha à peça “Esperando Godot”, de Samuel Beckett. A necessidade de alternativas tecnológicas e econômicas concretas para conciliar produção, conservação e desenvolvimento é urgente, mas ainda não foi atendida.
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Sobre o autor
Osíris M. Araújo da Silva é economista, escritor, membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA) e da Associação Comercial do Amazonas (ACA).
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