A Conferência das Partes (COP), reunião anual de governos para discutir tratados da ONU, especialmente sobre mudanças climáticas, encerrou sua 30ª edição em Belém com resultados considerados decepcionantes. A COP30, que tinha um simbolismo especial ao retornar ao Brasil 33 anos após a Rio-92, não conseguiu trazer avanços significativos para a solução dos problemas ambientais globais, e, principalmente, da Amazônia.
A Rio-92, ou Eco-92, foi um marco na discussão sobre o desenvolvimento sustentável, buscando equilibrar crescimento econômico e preservação ambiental. A expectativa era que a COP30, realizada em solo brasileiro, retomasse esses debates fundamentais.
No entanto, o evento foi marcado por críticas à falta de credibilidade do governo brasileiro, repetindo um padrão observado em outros momentos, como na Copa do Mundo de 2014 e na recente adesão limitada ao Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) proposto pelo presidente Lula.
Um dos principais pontos de preocupação é que temas cruciais para a Amazônia foram deixados de lado, conforme aponta um documento da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA). Entre eles, a promoção de tecnologias sustentáveis para a produção de alimentos, a melhoria da infraestrutura, como a BR-319, a segurança das vias fluviais, políticas públicas para mineração e manejo florestal, além de sistemas agroflorestais adaptados às características da região.
A importância do setor agropecuário para a segurança alimentar da Amazônia também não recebeu a devida atenção. Mais de um milhão de produtores rurais na região cultivam alimentos essenciais para a população local, como arroz, feijão, hortaliças, leite e frutas. A COP30 poderia ter destacado o papel estratégico da agricultura e sua vulnerabilidade diante das mudanças climáticas.
A organização da COP30 foi criticada pela baixa participação de representantes nacionais, com apenas 31 presentes, um número significativamente menor do que as edições anteriores. Ausências importantes, como a União Europeia, Rússia, China, Índia, Austrália, Japão e Estados Unidos, os maiores emissores de gases de efeito estufa, comprometeram a efetividade do evento.
Para muitos, a COP30 se tornou um desperdício de recursos, sem gerar resultados concretos para a Amazônia e seus 28 milhões de habitantes, que anseiam por desenvolvimento e tecnologias capazes de conciliar produção, conservação e desenvolvimento sustentável. A região, mais uma vez, aguarda por soluções que parecem distantes, como o personagem que espera Godot na peça de Samuel Beckett.











