18 de outubro de 2024

Conhece essas 3 Lendas “Esquecidas” do Folclore Amazônico?

É fácil lembrar de histórias como do boto ou do curupira, mas você conhece, por exemplo, o capelobo?

O folclore é um tesouro cultural que abriga danças, festas, mitos e lendas, todos elementos que constituem parte significativa da identidade nacional. Celebrado em 22 de agosto, o Dia do Folclore Nacional nos convida a revisitar nossas raízes e a riqueza da mistura cultural brasileira.

Quando pensamos em folclore, é fácil recordar histórias icônicas como a do boto cor-de-rosa ou do curupira, especialmente se considerarmos o contexto amazônico. Porém, o Portal Amazônia se aventurou em busca de lendas e ícones do folclore amazônico que, por diversas razões, estão em estado de dormência ou até mesmo quase “esquecidos”. Vamos conhecer algumas delas:

 

1. Lenda da Mandioca

Esta lenda narra a história de Mani, a filha do cacique, que inexplicavelmente ficou grávida, o que deixou seu pai desconfiado e incrédulo. Contudo, um sonho revelador sugeriu ao cacique que ele acreditasse na versão de sua filha.

Após o nascimento de Mani, ela se tornou uma figura estimada na tribo, até o dia em que sua mãe a encontrou sem vida. A mãe, devastada, enterrou Mani em sua oca e chorava diariamente a perda da filha, que mesmo após a morte mantinha um semblante sereno.

As lágrimas da mãe eram tão abundantes que um dia encharcaram a terra onde Mani estava enterrada. Ao notar que o solo começava a rachar, a mãe decidiu cavar na esperança de encontrar sua filha viva. O que ela descobriu foi uma raiz, a mandioca, cujo nome é a junção das palavras “Mani” e “oca”. Assim, surgiu esse tubérculo nutritivo que se tornou essencial na culinária de muitos brasileiros, especialmente na Região Norte.

Uma variação da lenda conta a história de um pajé que sonhou com uma planta desconhecida, uma espécie de profecia. Após esse sonho, nasceu Mani, uma menina de pele branca, diferente de tudo o que os índios já tinham visto. Após a morte misteriosa de Mani, uma planta cresceu no local onde ela foi enterrada, sua raiz branca como a pele da menina, e foi batizada de “mandioca”.

 

2. Lenda do Sol

A lenda de Kuandú revela a história da origem do sol e sua importância para os indígenas. Kuandú era um homem com três filhos, cada um representando o sol, mas com características distintas e um revezamento entre si.

Após a morte do pai, pelas mãos de Juruna, Kuandú ansiava por vingança. Certo dia, enquanto colhia cocos na floresta, Kuandú encontrou Juruna encostado em uma palmeira de inajá. Consumido pelo desejo de vingança, Kuandú tentou matar Juruna, mas foi atingido na cabeça, e tudo ficou escuro.

Com Kuandú ausente, os indígenas da tribo não podiam trabalhar para sobreviver nas trevas. Sua esposa, então, instruiu os filhos a iluminarem o dia. O primeiro filho foi, mas não suportou o calor e voltou, dando lugar ao segundo filho. Este também se cansou e deu lugar ao irmão mais novo. Dessa forma, eles mantiveram a luz do dia revezando o trabalho entre si.

Assim, quando o dia está quente e seco, é o filho mais velho que está “trabalhando”. Em dias frios e úmidos, é o filho mais novo que assume o dever. O filho do meio, por sua vez, ajuda quando os outros estão exaustos.

Capelobo – Foto: Reprodução/Guia dos Quadrinhos

 

3. Capelobo

O Capelobo é uma figura de aparência monstruosa presente nas lendas do Maranhão e Pará. Seu corpo é uma mistura peculiar de características humanas e animais, lembrando em alguns aspectos o lobisomem.

No entanto, este lobisomem é singular. Sua cabeça e focinho assemelham-se ao de um tamanduá-bandeira, embora em algumas regiões sejam descritos como de cachorro ou anta. Seu corpo é humano, com membros robustos, estatura aproximada de dois metros, patas redondas, um olho no meio da testa e é coberto de pelos.

O Capelobo é incrivelmente veloz e tem o hábito de percorrer as matas próximas a rios e várzeas, rondando casas e barracas durante a noite. Seu rugido é tão ensurdecedor que pode ser ouvido de longe. Sua dieta inclui pequenos animais, mas em algumas versões da lenda, ele também se alimenta de caçadores. A única maneira de derrotar essa criatura é atacando-a no umbigo.