Ribeirinhos do Amapá estão aprendendo a dar um novo destino aos resíduos de pescado, transformando-os em belas peças de artesanato. A iniciativa, que une geração de renda e cuidado com o meio ambiente, está ganhando força nos rios da Amazônia.
O projeto faz parte do Programa de Aproveitamento de Resíduos de Pescado, desenvolvido pela Secretaria de Estado da Pesca e Aquicultura (Sepaq). As capacitações são realizadas pela Escola Técnica de Pesca, localizada no distrito do Matapi, em Santana. A iniciativa foi apresentada pelo governo do Amapá durante a COP30, demonstrando o compromisso do estado com práticas sustentáveis.
A pesca é uma atividade essencial para a economia e a vida de muitas famílias ribeirinhas no Amapá, abastecendo mercados e feiras com peixes provenientes de municípios como Tartarugalzinho, Amapá e Calçoene. O programa busca equilibrar a produção pesqueira com a preservação ambiental, um desafio importante na região.
A proposta é seguir o modelo de economia circular, onde resíduos que antes eram descartados de forma inadequada são reaproveitados, gerando renda para as comunidades locais. A meta ambiciosa é reaproveitar cerca de 20 toneladas de resíduos, transformando-os em produtos com valor econômico e social.
O programa está inserido no Plano Estadual de Desenvolvimento Sustentável da Pesca e Aquicultura, que será lançado em breve pelo governo. A expectativa é que, com o plano, seja construída uma unidade de referência para o curtimento de couro, fornecendo a matéria-prima para a produção de bolsas, cintos e outros utensílios pelas comunidades.
Com essa iniciativa, o Amapá busca se destacar como referência em economia sustentável na região Norte.
“Esse trabalho integra o programa estratégico do Governo do Amapá e reforça, na COP30, o compromisso do estado com práticas sustentáveis, valorização das comunidades tradicionais e uso eficiente dos recursos naturais”, destacou Vinicius Melo, secretário adjunto de pesca.
Capacitações dos ribeirinhos
A Secretaria de Pesca está mapeando as comunidades e, em conjunto com as equipes locais, definindo os planos de atividades para cada região. Nos cursos, os ribeirinhos aprendem a selecionar, manusear e limpar os resíduos de peixe até transformá-los em peças de artesanato.
Escamas e ossos de peixes são alguns dos materiais utilizados. Do trabalho manual, surgem bolsas, colares e brincos, demonstrando a criatividade e o potencial das comunidades.
O engenheiro de pesca da secretaria, Anderson Pantoja, apresentou o projeto na COP30, ressaltando seu caráter sustentável. “Nosso objetivo é desenvolver e recuperar com sustentabilidade, garantindo a conservação de espécies, melhoria da qualidade de vida das comunidades tradicionais e geração de renda”, afirmou Anderson.
Em parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), profissionais estão realizando uma série de capacitações na comunidade do Sucuriju, entre 17 e 28 de novembro, com foco no aproveitamento de escamas de Pirarucu.
Escola Técnica de Pesca
Além dos cursos de formação inicial e continuada, a Escola de Pesca oferece minicursos e oficinas de aproveitamento de resíduos do pescado, promovendo o desenvolvimento da área rural e capacitando cerca de 400 alunos.











