A Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil (SBNI) publicou uma nova diretriz com recomendações atualizadas para o diagnóstico e tratamento do transtorno do espectro autista (TEA). Desde o primeiro documento, em 2021, novos estudos motivaram a revisão. O texto orienta profissionais sobre identificação do TEA, indica intervenções eficazes e alerta contra práticas sem comprovação científica, como ozonioterapia, transplante fecal, suplementação vitamínica e dietas sem glúten.
A nova diretriz reforça que o diagnóstico do transtorno do espectro autista (TEA) é clínico e deve se basear na observação, histórico e entrevistas com familiares e cuidadores. Os primeiros sinais podem surgir nos primeiros meses de vida e incluem falhas no contato visual e pouca vocalização. O documento também destaca a importância de considerar fatores sociais e ambientais, já que vulnerabilidades e uso excessivo de telas podem gerar sintomas semelhantes ao autismo, sem relação causal com o transtorno.
No tratamento, as intervenções mais eficazes se baseiam na Análise do Comportamento Aplicada (ABA), associada a terapias como fonoaudiologia e terapia ocupacional. O plano deve ser individualizado, considerando as necessidades de cada paciente. Medicamentos podem ser usados apenas para tratar sintomas associados, e o manejo de distúrbios do sono deve priorizar medidas comportamentais. A SBNI reforça que vacinas não causam TEA e alerta sobre terapias sem comprovação científica.
Receber um diagnóstico de autismo pode ser um momento desafiador para muitas famílias, mas é apenas o ponto de partida de um percurso que pode ser transformador com o apoio adequado. “Quando descobri o autismo do meu filho, senti um abismo imenso e percebi o quanto eu estava despreparada. Debater a questão era algo muito difícil tanto para as escolas, quanto para as famílias e para a sociedade em geral. Tudo é muito complexo, pouco aprofundado, sem contar o emocional. A mãe nunca espera esse tipo de diagnóstico”, pontua Ingrid Monte.
Com terapias personalizadas, é possível ajudar a criança a desenvolver seu pleno potencial e alcançar uma vida com mais autonomia e independência.
O que é o TEA?
O Autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento que afeta a maneira como uma pessoa percebe e interage com o mundo ao seu redor. Suas principais características incluem dificuldades na comunicação, interação social e padrões de comportamento restritos e repetitivos. Como o espectro é amplo e impacta diversas áreas, cada pessoa manifesta a condição de maneira única, o que torna o acompanhamento personalizado e multidisciplinar essencial.
Para as famílias, o diagnóstico pode gerar muitas emoções, como insegurança e ansiedade, especialmente sobre o futuro da criança. De acordo com um estudo da Genial Care em parceria com a Tismoo.me, 79% dos cuidadores de crianças com autismo expressam grande preocupação com o que está por vir após o diagnóstico.
“As apreensões podem ser relacionadas tanto ao futuro dessa criança, principalmente em relação à independência e autonomia, quanto de modo mais imediato quais terapias realizar, visto a quantidade de informação que hoje existe a disposição. É relevante, assim sendo, que a família tenha profissionais de confiança que trabalhem com práticas baseadas em evidências para melhor suporte e direcionamento nesse momento inicial” destaca Alice Tufolo, psicóloga e Conselheira Clínica da Genial Care, rede de cuidado de saúde atípica especializada em crianças autistas e suas famílias.
A importância da intervenção precoce
A intervenção precoce é um dos maiores aliados para o desenvolvimento das crianças com sinais de atraso no desenvolvimento, pois a primeira infância é o momento em que há uma maior plasticidade neuronal – capacidade do cérebro em criar novas conexões . Ela permite que profissionais capacitados, juntamente com a família, estimulem a criança a conquistar habilidades essenciais, prevenindo dificuldades futuras.
O Ministério da Saúde classifica a intervenção como precoce quando ocorre na primeira infância. Nesse período, o cérebro infantil apresenta alta neuroplasticidade, o que facilita a aprendizagem e o desenvolvimento quando os estímulos são adequados.
Estudos, como os publicados no Journal of Autism and Developmental Disorders, mostram que intervenções precoces podem melhorar em até 40% os resultados cognitivos e adaptativos. Crianças que recebem os cuidados e estímulos certos desde cedo têm mais chances de desenvolver habilidades fundamentais, como comunicação, interação social e independência.
Como escolher a clínica certa?
A escolha do suporte certo para a criança deve considerar alguns aspectos fundamentais que garantem intervenções eficazes e duradouras. Diante das diversas opções disponíveis, os pais e cuidadores precisam avaliar critérios essenciais antes de iniciar o tratamento especializado, como:
-
Base científica: as metodologias escolhidas devem ser comprovadas por pesquisas científicas, como práticas baseadas na Análise do Comportamento Aplicada (ABA) e Terapia Ocupacional;
-
Profissionais capacitados: profissionais com graduação superior e qualificados que garantem um acompanhamento completo e eficaz;
-
Envolvimento familiar: programas que orientam os pais favorecem o progresso da criança tanto em casa quanto em outros ambientes;
-
Flexibilidade e acessibilidade: o suporte deve se adaptar à rotina da família, facilitando a adesão à intervenção.
Terapias multidisciplinares: uma abordagem integrada
A intervenção multidisciplinar, que envolve diferentes áreas da saúde, como Psicologia baseada na ABA, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional, é essencial para melhorar a qualidade de vida e a autonomia das crianças com TEA. Essa abordagem permite um tratamento integrado que potencializa as habilidades e o bem-estar da criança, além de beneficiar toda a família.
Práticas baseadas na Análise do Comportamento Aplicada (ABA) são altamente eficazes e recomendadas pela Organização Mundial da Saúde para pessoas com desenvolvimento atípico. Essa técnica modifica comportamentos e desenvolve habilidades por meio de reforços positivos e estratégias individualizadas. A Fonoaudiologia, por sua vez, foca no desenvolvimento da comunicação e da linguagem, enquanto a Terapia Ocupacional trabalha habilidades motoras e de percepção corporal, impactando diretamente as atividades diárias da criança.
“Intervenção comportamental, Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia e suporte educacional são fundamentais para o desenvolvimento das crianças com TEA. Essas terapias ajudam na construção de habilidades essenciais para a independência e inclusão social. Quando as intervenções são adiadas ou inexistem, as crianças podem enfrentar barreiras significativas em áreas como educação, emprego e relacionamentos”, conclui a psicóloga e Conselheira Clínica da Genial Care, Alice Tufolo, que também reforça que, embora a intervenção precoce seja crucial, nunca é tarde para buscar apoio.











