O Banco Central (BC) está preocupado com a alta do dólar e o aumento dos gastos públicos, o que pode afetar a inflação. A instituição indicou que, se necessário, não hesitará em subir os juros para manter a inflação sob controle. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) está marcada para os dias 17 e 18 de setembro.
Na última semana, o Copom decidiu manter a taxa Selic em 10,5% ao ano, após sete cortes consecutivos. Agora, o cenário econômico apresenta novos desafios, com uma maior cautela nas decisões de política monetária. Segundo a ata da última reunião, o Copom está atento à possibilidade de que, se a manutenção dos juros não for suficiente para controlar a inflação, um aumento da taxa poderá ser considerado.
A inflação no país, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), foi de 0,21% em junho, com uma taxa acumulada de 4,23% nos últimos 12 meses. Esse valor ainda está acima da meta de 3% definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para este ano, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
O BC também destacou a importância de uma política fiscal sólida e comprometida com a sustentabilidade da dívida pública, pois isso ajuda a controlar as expectativas de inflação e os prêmios de risco dos ativos financeiros. A recente percepção de aumento dos gastos públicos tem gerado incertezas e impactos no mercado.
O cenário internacional também contribui para a volatilidade, com a alta do dólar e as taxas de juros elevadas em economias avançadas. Isso pode levar à saída de capital de países emergentes, como o Brasil, pressionando ainda mais a taxa de câmbio.
Histórico da Selic
A Selic é o principal instrumento do BC para controlar a inflação. De março de 2021 a agosto de 2022, a taxa foi elevada de 2% para 13,75% ao ano. Este ajuste visava combater a inflação causada pelo aumento dos preços de alimentos, energia e combustíveis. Entre agosto de 2023 e maio de 2024, a taxa foi reduzida em sete ocasiões consecutivas, refletindo o controle da inflação. Agora, com a nova conjuntura econômica, o BC pode considerar uma mudança de estratégia.