Um acidente fluvial marcou a história do rio Amazonas em março de 1982. A balsa ‘Boa Viagem’ e o navio-motor ‘Avelino Alves’ colidiram próximo ao famoso Encontro das Águas, em Manaus, resultando em prejuízos materiais e ferimentos.
De acordo com relatos da época, a ‘Boa Viagem’, que pertencia a um empresário local, seguia viagem carregada de mercadorias quando se envolveu no acidente. A forte chuva e a visibilidade reduzida criaram um cenário de risco para a navegação.
O choque ocorreu por volta das 21h, em um momento em que o rio Amazonas apresentava correnteza forte e ondas. As condições climáticas adversas dificultavam a identificação de outras embarcações, contribuindo para a colisão.
No momento do impacto, treze pessoas estavam a bordo da balsa, entre tripulantes e passageiros. Muitos foram arremessados, e alguns sofreram ferimentos leves. O comandante do ‘Avelino Alves’, Alfredo Guilherme, tentou manobrar para evitar o choque, mas a proximidade das embarcações tornou a manobra impossível.
O acidente ganhou destaque nas obras de Moacir Andrade, que documentou em detalhes a vida e os desafios dos navegadores amazônicos em seu livro ‘Histórias, Costumes e Tragédias dos Barcos do Amazonas’. O caso serve como um lembrete da vulnerabilidade das embarcações em condições climáticas extremas.
Resgate e atendimento às vítimas
Após a colisão, a tripulação do ‘Avelino Alves’ desligou os motores e iniciou o resgate dos feridos. Pessoas próximas ao convés descreveram momentos de pânico e desespero, enquanto a equipe se esforçava para garantir a segurança de todos.
Os feridos receberam os primeiros socorros a bordo e foram levados para Manaus para tratamento médico. O barqueiro da ‘Boa Viagem’ atribuiu o acidente ao mau tempo e à falta de visibilidade, afirmando que as luzes de navegação estavam acesas, mas não puderam ser vistas a tempo pelo navio-motor.
A balsa sofreu danos na lateral, mas não afundou. O ‘Avelino Alves’ teve a proa danificada, mas permaneceu estável após o impacto.
Investigação e lições aprendidas
A Capitania dos Portos do Amazonas abriu um inquérito para apurar as causas do acidente e determinar as responsabilidades. A investigação incluiu depoimentos, laudos técnicos e análise do diário de bordo das embarcações.
O relatório preliminar apontou a baixa visibilidade e as condições climáticas adversas como os principais fatores determinantes. Não foram encontradas falhas mecânicas nas embarcações.
Após o acidente, a Capitania dos Portos reforçou a importância da atenção redobrada durante a navegação noturna em períodos de chuva, comuns na região amazônica. Ambas as tripulações foram autorizadas a atracar em Manaus para inspeção técnica.