As mudanças climáticas estão sentidas na Amazônia, um território crucial para o equilíbrio do planeta. O desmatamento, as queimadas e a mudança no uso da terra afetam diretamente o clima da região e, consequentemente, o de todo o Brasil e do mundo.
A Amazônia Legal, que engloba nove estados da região Norte, é um sistema climático complexo. A imensidão da floresta e sua rica biodiversidade estão em constante transformação, influenciadas tanto por fenômenos naturais quanto pela ação humana. Entender o clima amazônico exige conhecer suas características únicas e como ele funciona.
O clima da Amazônia é equatorial e úmido, com altas temperaturas e chuvas abundantes o ano todo. A umidade vem da evapotranspiração da floresta – a água liberada pelas plantas – e da evaporação dos rios e lagos. Essa umidade forma nuvens, que trazem chuva e mantêm a floresta viva.
Essa dinâmica cria os chamados “rios voadores”, massas de ar carregadas de umidade que levam chuva para outras regiões do país, como o Sudeste e o Centro-Oeste. Sem a Amazônia, essas regiões poderiam sofrer com secas mais severas.
Mas o clima não é igual em toda a Amazônia. Por ser uma área muito grande e estar conectada com outros biomas, há diferenças regionais. No leste da Amazônia, a estação seca é mais marcada, enquanto no oeste chove mais o ano todo. Essas diferenças estão ligadas à topografia, proximidade com o Oceano Atlântico e ventos.
A vegetação é fundamental para regular o clima. A floresta densa protege o solo do sol, mantendo a temperatura mais baixa e a umidade do ar alta. As raízes das árvores seguram o solo, evitando a erosão e ajudando a controlar o fluxo da água. A floresta funciona como um “ar-condicionado” e uma “bomba d’água” natural.
O que acontece quando o clima muda?
O desmatamento, as queimadas e a mudança no uso da terra afetam o clima local e global. Ao remover a floresta, a temperatura aumenta e a umidade diminui, reduzindo a formação de nuvens e a chuva. Esse processo, chamado de “savanização”, pode transformar áreas de floresta em paisagens semelhantes ao Cerrado.
O aumento da temperatura e a falta de chuva aumentam o risco de incêndios, que liberam carbono na atmosfera e agravam o efeito estufa. Esses incêndios, muitas vezes causados por humanos, podem se espalhar rapidamente, destruindo áreas maiores e dificultando a recuperação da floresta.
O pesquisador Philip Fearnside alerta que a Amazônia pode chegar a um “ponto de não retorno”, onde a destruição se torna irreversível. “Se escapar do controle, não vai ter mais floresta amazônica. Isso está muito perto de acontecer e a própria destruição da floresta está contribuindo para a mudança climática”, afirma Fearnside.
Eventos climáticos extremos, como secas e inundações, estão se tornando mais comuns na Amazônia. A seca de 2005 e a de 2010 mostraram como a falta de chuva pode afetar a floresta e os rios. As inundações recentes também indicam a instabilidade crescente do clima na região.
Para o futuro, os modelos climáticos preveem aumento da temperatura e possíveis mudanças no regime de chuvas. O risco de secas e inundações mais frequentes e intensas é alto. A saúde da Amazônia é fundamental para o clima do planeta, e o futuro da região depende de ações urgentes para proteger a floresta.











