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23 de dezembro de 2025

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Círio de Nazaré: a fé que se materializa em Belém

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A imagem de Nossa Senhora de Nazaré, levada em procissão, é o coração do Círio, mas a festa que paralisa Belém, no Pará, é feita de muito mais do que fé. Objetos como a corda, o cartaz e o tradicional almoço do segundo domingo de outubro são parte fundamental dessa celebração, formando uma rede de significados que conecta pessoas, memórias e a cultura amazônica.

A cultura material, que estuda a relação entre as pessoas e os objetos, ganha destaque no Círio. Cada item carrega consigo histórias e simbolismos que enriquecem a experiência religiosa e cultural. A procissão, realizada na segunda semana de outubro, transforma esses objetos em elementos centrais da vivência devocional.

“A cultura material nos mostra os objetos que fazem parte da nossa vida e que ajudam a construir nossa experiência”, explica Gabriel da Mota, autor de uma dissertação sobre o tema. “No Círio, esses objetos são especialmente importantes para entender a paisagem devocional e a devoção popular.”

Mesmo durante a pandemia de Covid-19, quando as celebrações presenciais foram suspensas, a dimensão material do Círio se manteve forte. Imagens da Santa nas casas, cartazes nas janelas e o almoço em família foram formas de manter a tradição viva e o sentimento de pertencimento.

Símbolos de pertencimento

O almoço do Círio é um momento de convívio, memória e troca. As receitas tradicionais, frequentemente passadas de geração em geração, evocam lembranças de familiares e fortalecem os laços afetivos. É uma oportunidade de reviver momentos e honrar os antepassados.

“Perdi minha avó em 2020, mas durante o Círio nós almoçamos maniçoba que ela havia preparado e congelado. Ela estava presente na nossa mesa, através do que sempre fazia por nós”, relata o pesquisador.

A corda, outro símbolo marcante, inicialmente utilizada para puxar a berlinda, hoje representa a conexão dos fiéis com Nossa Senhora e a responsabilidade coletiva de acompanhar a imagem. É um elo simbólico que une os devotos.

“A corda tem um poder identitário e coletivo. Ela encanta quem está de fora e antecipa a experiência com o divino. A própria corda já é um símbolo disso, um anúncio da fé”, detalha Gabriel da Mota.

O cartaz, por sua vez, permite que as pessoas levem um pedaço da festa para casa, compartilhem a devoção e anunciem o Círio. A personalização dos cartazes em camisas e outros objetos movimenta a economia local e reforça o valor afetivo da imagem da Santa.

Celebração ecumênica e cultural

Com o retorno completo das celebrações presenciais em 2022, o Círio reafirmou seu papel como expressão cultural da Amazônia. As ruas cheias, os almoços, os cheiros e os sons compõem uma experiência sensorial que vai além da fé, celebrando o pertencimento coletivo. A festa atrai pessoas de diferentes crenças, unidas pela tradição e pela devoção a Nossa Senhora.

A programação diversificada do Círio inclui espetáculos culturais, exposições temáticas, comercialização de produtos artesanais e pratos típicos, revelando a identidade paraense e a riqueza da cultura local.

A experiência do Círio vai além das interações imediatas, criando laços contínuos e afetivos. Os objetos presentes na festa materializam esses vínculos e memórias, transformando a devoção em uma experiência coletiva e duradoura.

“Mesmo sem a imagem nas ruas, o Círio não pode ser vivido sozinho. Ele é feito da relação com as pessoas que amamos, e Nossa Senhora está presente em cada detalhe: no cartaz, na imagem sobre a mesa e, principalmente, na nossa memória”, conclui o pesquisador.

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