Cientistas e representantes da sociedade civil já fizeram a sua parte no combate à crise climática, mas agora é hora de colocar as ideias em prática. O alerta foi dado durante o webinário “Pré-COP30: ciência, políticas climáticas e negócios”, promovido pela Fundação Getúlio Vargas no último dia 29 de outubro.
André Guimarães, diretor-executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e Enviado Especial da Sociedade Civil para a COP30, enfatizou: “Essa tem que ser a COP da implementação. A ciência já provou o que tinha pra provar, e agora chegou a hora de agir. O acordo está quase pronto, não temos mais desculpas.” Ele ressaltou que a mitigação não precisa de consenso, e cada um pode fazer a sua parte.
Ciência como guia
O evento reuniu especialistas para discutir os principais desafios da COP30, com foco no papel do mercado financeiro e das empresas na agenda climática. A revista GV-executivo também lançou uma edição especial com artigos que oferecem recomendações práticas para líderes na tomada de decisões.
Para André Guimarães, as prioridades são claras: “Precisamos abandonar os combustíveis fósseis e acabar com o desmatamento, principalmente nas florestas tropicais. Essas duas questões precisam ser tratadas de forma agressiva para que essa seja uma COP da esperança.”
O IPAM também criticou a pressa na discussão sobre a exploração de petróleo na Foz do Amazonas, defendendo um debate amplo e a busca por alternativas como biocombustíveis e a criação de “royalties verdes” – um fundo para compensar estados e municípios que optarem por não explorar novas áreas de petróleo na Amazônia.
Mercado privado tem papel fundamental
Com os impactos da crise climática se tornando cada vez mais visíveis na economia, na produção de alimentos e na infraestrutura, a agenda ambiental ganha espaço no mercado privado. Paulo Artaxo, da Universidade de São Paulo e presidente do Conselho do IPAM, alertou que o aumento da temperatura global pode ter consequências severas para o Brasil.
“Estamos em rota para um aumento de 2,8 °C na média global, o que pode significar um aumento de 3,5 °C a 4 °C em regiões como o Brasil. Isso afeta as chuvas, a irrigação do agronegócio e a geração de energia. Os impactos sobre a economia serão tremendos”, alertou.
Artaxo destacou que a preservação da floresta é crucial para a produção de alimentos e para o clima. “Preservar a floresta é contribuir para a economia, para as culturas tradicionais e para a alimentação da população.”
Beatriz Soares, do Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, ressaltou que o mercado é uma ferramenta poderosa para a mitigação das mudanças climáticas e que é fundamental capacitar os atores envolvidos para que possam entender seu papel nesse processo.











