O governo chinês criticou a ameaça do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa adicional de 100% sobre produtos chineses, classificando-a como um exemplo de “duplo padrão” por parte dos EUA. Um porta-voz do Ministério do Comércio chinês afirmou que o país poderia adotar “contramedidas” não especificadas caso a ameaça se concretize, reiterando que Pequim “não tem medo” de uma guerra comercial.
Tensões comerciais e reações do mercado
A declaração veio em resposta ao confronto em relação às regras de exportação de terras raras, após Trump acusar a China de se tornar “muito hostil”. O ex-presidente chegou a mencionar a possibilidade de cancelar uma reunião com o presidente chinês, Xi Jinping, agendada para o final deste mês. Os comentários de Trump geraram instabilidade nos mercados financeiros globais, com o índice S&P 500 registrando uma queda de 2,7%, o maior recuo desde abril.
Em maio, os dois países haviam concordado em reduzir as tarifas sobre alguns produtos, diminuindo as expectativas de interrupções no comércio. Atualmente, tarifas americanas sobre produtos chineses estão em torno de 30% acima do início do ano, enquanto produtos americanos que entram na China enfrentam uma taxa de 10%.
Controles de exportação e segurança nacional
O Ministério do Comércio chinês defendeu seus controles de exportação de terras raras como medidas para salvaguardar a segurança nacional e de outras nações, argumentando que os EUA “exageram no conceito de segurança nacional” e adotaram práticas discriminatórias. A China é responsável por cerca de 90% do processamento mundial de terras raras, materiais essenciais para a fabricação de tecnologias avançadas, como painéis solares e smartphones.
O porta-voz chinês enfatizou que “recorrer a ameaças tarifárias não é a maneira correta de se envolver com a China” e reafirmou a posição do país em relação à guerra tarifária: “Não queremos uma, mas não temos medo de uma”.
Analistas sugerem que as recentes declarações de ambos os lados podem ser uma estratégia para fortalecer suas posições antes de futuras negociações comerciais. A realização da reunião entre Trump e Xi Jinping, prevista para a cúpula na Coreia do Sul, ainda é incerta.