O Censo Demográfico 2022, divulgado nesta sexta-feira (24) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou um aumento no número de povos e línguas indígenas presentes no país. O levantamento identificou 295 línguas indígenas, abrangendo aproximadamente um quinto dos municípios brasileiros.
As línguas mais faladas
As dez línguas indígenas mais faladas no Brasil, segundo o Censo 2022, são:
- Tikúna: 51.978 falantes (88% em Terras Indígenas)
- Guarani Kaiowá: 26.596 falantes
- Guajajara: 29.212 falantes (90% em Terras Indígenas)
- Kaingang: 27.482 falantes (79% em Terras Indígenas)
- Xavante: 21.772 falantes (86% em Terras Indígenas)
- Yanomami: 19.174 falantes (96% em Terras Indígenas)
- Sateré-Mawé: 15.421 falantes
- Nheengatu: 13.070 falantes (60% fora de Terras Indígenas)
- Munduruku: 12.961 falantes
- Tukano: 12.435 falantes (60% em Terras Indígenas)
O número de línguas indígenas identificadas representa um aumento de 7% em relação ao Censo de 2010, que registrou 274 línguas. De acordo com o IBGE, essa elevação se deve, em parte, a uma metodologia de coleta aprimorada, que permitiu a diferenciação de etnias anteriormente agrupadas.
Além disso, o Censo 2022 apontou que o Brasil possui 391 povos indígenas, um aumento de 30% em comparação com o Censo anterior. Marta Antunes, Gerente de Povos e Comunidades Tradicionais e Grupos Populacionais Específicos (GPCTE) do IBGE, destaca o aumento do reconhecimento étnico por parte da população indígena.
“Há um aumento entre os dois censos de pessoas que se declaram indígenas, mas também de declararem seu pertencimento a uma etnia, povo ou grupo indígena. Esse é um processo que alguns acadêmicos chamam de reemergência étnica, mas que os indígenas chamam de autoafirmação étnica e de revitalização de pertencimento étnico”, explica Antunes.
Entre 2010 e 2022, o número de indígenas que falam uma ou mais línguas indígenas cresceu 47%, passando de 293.853 para 433.980 falantes. No entanto, houve uma diminuição percentual de falantes de língua indígena em relação ao total da população indígena do país.
Antunes explica que essa redução percentual é natural, pois o crescimento da população indígena total inclui um número maior de pessoas que não falam a língua indígena. “Isso denota que não são os mais velhos que continuam falando a língua; são os mais jovens e isso é importantíssimo para a manutenção dos falantes de língua indígena, para a transmissão para os mais novos”, ressalta.
A pesquisa também identificou a influência da migração no aumento da diversidade linguística. Grupos de origem venezuelana, como o povo Warao, contribuíram para esse crescimento, sendo a língua Warao a mais presente no Rio Grande do Norte, Piauí e Distrito Federal em 2022, com 4.389 falantes.








