Universidades e instituições de pesquisa da Amazônia apresentaram a “Carta de Belém”, um documento com propostas e desafios para a ciência da região contribuir com as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) do Brasil, que são os compromissos do país para combater as mudanças climáticas. A carta foi criada durante o encontro “Conexões Amazônicas: Ciência e Rede para a COP 30”, realizado na Universidade Federal do Pará (UFPA) em setembro.
A “Carta de Belém” organiza as propostas em seis eixos temáticos, abordando desde a gestão de ecossistemas até o desenvolvimento social e a justiça climática. Os cientistas destacam a importância de considerar o conhecimento tradicional dos povos e comunidades locais em todas as ações.
Gestão de florestas, oceanos e biodiversidade
Um dos pontos principais é a necessidade de monitoramento de longo prazo dos ecossistemas aquáticos, florestais e de áreas úmidas, utilizando programas como os PELDs (Pesquisas Ecológicas de Longo Prazo) e PPBios (Programa de Pesquisas em Biodiversidade). Além disso, os pesquisadores defendem o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis que reduzam o impacto ambiental.
Agricultura e sistemas alimentares sustentáveis
A carta também enfatiza a urgência de novos planos de agricultura e sistemas alimentares que considerem os impactos do agronegócio e da infraestrutura, como ferrovias e hidrelétricas. Incentivo a práticas produtivas de baixo impacto e a agroecologia são propostas, assim como a necessidade de que consumidores internacionais optem por produtos de origem sustentável.
Adaptação às mudanças climáticas nas cidades
Para proteger as cidades e suas populações dos efeitos das mudanças climáticas, os cientistas sugerem diagnósticos participativos sobre os impactos de grandes empreendimentos, apoio aos municípios na elaboração de planos climáticos e estratégias de controle de doenças relacionadas ao uso e ocupação do solo.
Desenvolvimento humano e social
Um ponto crucial levantado é a necessidade de valorizar os habitantes da Amazônia, indo além da ênfase no meio ambiente e no clima. Os pesquisadores defendem a criação de programas de formação intercultural, a fixação de jovens pesquisadores na região, com foco em indígenas e comunidades tradicionais, e a implementação de escolas de campo para promover a sociobiodiversidade.
Objetivos transversais e reivindicações
A “Carta de Belém” ressalta a importância de integrar o conhecimento científico com o saber tradicional, fortalecer a colaboração entre instituições brasileiras e internacionais, e democratizar o acesso à informação científica. Os pesquisadores também reivindicam investimentos em formação, editais de pesquisa de longo prazo, fortalecimento das universidades amazônicas e a inclusão da justiça climática como princípio transversal nas ações da NDC.
*Com informação da Universidade Federal de Roraima