21 de novembro de 2024

Capitão da seleção tricampeã mundial completaria 80 anos nesta quarta

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Ex-lateral-direito, Carlos Alberto Torres levantou a Jules Rimet em 1970

Conheci Carlos Alberto Torres quando ainda era estagiário no Jornal dos Sports. Em 1982, para um iniciante no jornalismo esportivo, encontrar o Capitão do Tri de surpresa foi inesquecível. Eu cobria o campeonato de juniores do Rio de Janeiro, onde Alexandre Torres, filho dele, se destacava no Fluminense. Fui às Laranjeiras para entrevistá-lo e, de repente, o Capita apareceu.

Pouca gente sabe, mas Carlos Alberto era jornalista registrado e escrevia uma coluna no Jornal dos Sports. Esse elo inicial facilitou nossa conversa e deu início a uma amizade. Ele era muito acessível e querido no mundo do futebol, respeitado internacionalmente. Entre os capitães que levantaram a taça de campeão do mundo, ele era o mais idolatrado. Só por causa dele, um canal de TV conseguiu reunir outros capitães de seleções campeãs, que aceitaram participar do programa por sua presença.

O Gol do Capitão

Carlos Alberto Torres é o único capitão de uma seleção campeã mundial a marcar um gol na final. Ele fez o último gol do Brasil na vitória por 4 a 1 sobre a Itália na Copa de 1970, completando um passe de Pelé.

Para muitas publicações que avaliam os melhores de todos os tempos, ele sempre foi visto como titular absoluto da lateral-direita. Comparavam-no a Pelé na sua posição, mas ele era o Carlos Alberto, ou Capita, sem comparações. Ressalto isso porque mostra sua capacidade dentro e fora de campo. Ser o “capitão” de uma seleção que incluía Pelé, Rivellino, Gérson e Clodoaldo não era fácil.

Carreira Brilhante

Carlos Alberto nasceu no Rio de Janeiro, em 17 de julho de 1944. Revelado pelo Fluminense, jogou no grande time do Santos dos anos 60 e na Máquina Tricolor dos anos 70. Participou da Copa de 1970, onde fez o último gol do Brasil no torneio, em passe de Pelé. Nenhum outro capitão repetiu esse feito numa Copa do Mundo.

Vida nos Estados Unidos e como Técnico

Ele também brilhou nos Estados Unidos, jogando pelo Cosmos, onde Pelé atuava. Dizem que o Rei do Futebol só foi campeão lá porque o Capita reforçou a equipe, que tinha também o alemão Beckenbauer.

Após pendurar as chuteiras, Carlos Alberto tornou-se técnico de futebol. Em 1983, assumiu o Flamengo, quando eu era repórter setorista do clube pelo Jornal dos Sports. Ele falava o que pensava, como na célebre frase “Bigu e mais 10”, quando perguntado se o jovem meio-campista seria titular em um time com estrelas como Zico. Em 1993, como treinador do Botafogo, conquistou a Taça Conmebol, título que considerava mais importante.

Um Ídolo para Sempre

Carlos Alberto Torres defendeu seu filho e chegou a criticar o técnico Zagallo por não convocá-lo. Lembro dele na mesa de debates da TV Brasil, com Marcio Guedes e Alberto Léo. Irritado com Zagallo, ironizava o técnico, mas depois fizeram as pazes. Carlos Alberto é um dos poucos que tão bem representaram o esporte brasileiro internacionalmente. Seu nome é uma marca registrada dos anos de glória do nosso futebol. Seja como pai orgulhoso, “capitão” linha dura, craque, amigo ou ídolo, Carlos Alberto Torres merece ser celebrado. Sua história reafirma o quanto regredimos no cenário do futebol mundial.