A Igreja Católica, ao longo de sua história, adaptou seus espaços de celebração às necessidades de cada comunidade. Por isso, os templos recebem nomes e funções distintas, como capelas, igrejas, matrizes, catedrais, basílicas e santuários, cada um com um papel específico na vida da fé.
“Da maior catedral à menor capela, a nomenclatura está relacionada a fatores como a expressão religiosa, o número de fiéis atendidos e o fluxo de peregrinos que visitam o local”, explica o Padre José Amarildo.
Em Belém, durante o Círio de Nazaré – a maior procissão católica do Brasil e a maior procissão mariana do mundo – é comum encontrar esses diferentes espaços religiosos. Entenda como cada um funciona:
Capela
A capela é o menor e mais simples dos templos católicos, um local para missas, orações e ritos que não exigem a estrutura completa de uma paróquia. Capelas são comuns em hospitais, escolas, universidades, cemitérios e até fazendas.
A origem do termo ‘capela’ remete a São Martinho de Tours, que teria dividido sua capa com um mendigo necessitado. A parte guardada da capa recebeu o nome de ‘capela’, dando origem ao termo que usamos até hoje.
Geralmente, capelas não têm um padre fixo, mas podem ter um capelão designado. A Capela de Nossa Senhora de Lourdes, em Belém, por exemplo, passou a abrigar os restos mortais de padres jesuítas em julho de 2024.
Igreja e Igreja Matriz
A igreja, no geral, é o templo principal de uma paróquia, onde atua um vigário ou pároco. É o centro das atividades religiosas da comunidade, com missas regulares, batizados, casamentos e catequeses.
“As igrejas possuem pastorais, movimentos e serviços que mantêm a fé viva com iniciativas de formação, atendimento social e sacramentos”, explica o Pe. José Amarildo.
A Igreja Matriz é a principal igreja de uma paróquia, muitas vezes a mais antiga e simbólica da cidade. É onde ocorrem as principais celebrações, como as festas do padroeiro.
De acordo com o padre Amarildo, a Igreja Matriz é a referência da comunidade paroquial, geralmente localizada em uma região central e de onde se administra o território da paróquia.
A igreja de Nossa Senhora do Carmo, no Centro Histórico de Belém, é um exemplo de igreja matriz, fundada pelas carmelitas em 1626.
Catedral
A catedral é a igreja principal de uma diocese ou arquidiocese, a região administrada por um bispo ou arcebispo. O nome vem do latim cathedra, que significa ‘cadeira’, simbolizando a autoridade e o ensino do bispo.
“Na catedral, o bispo celebra missas com mais frequência e realizam-se eventos diocesanos, como cerimônias litúrgicas, a missa crismal e ordenações sacerdotais”, explica Amarildo.
As catedrais costumam se destacar pela beleza arquitetônica e importância histórica, sendo pontos centrais da vida religiosa e cultural das cidades. A Catedral Metropolitana de Belém foi inaugurada em 1774.
Basílica
O título de Basílica é um reconhecimento concedido pelo Papa a um lugar de destaque litúrgico. As basílicas devem seguir as orientações da Basílica de São Pedro, no Vaticano.
Elas se destacam pela grandiosidade, capacidade de acolher muitos fiéis e por serem locais de grandes peregrinações. O Brasil possui 71 basílicas, incluindo a Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré do Desterro, em Belém, um importante centro de devoção mariana, que recebeu o título de Basílica menor em 1923.
Santuário
O santuário é uma igreja ou paróquia que se torna um centro de devoção especial, reconhecido pela presença de relíquias, imagens milagrosas ou graças atribuídas a um santo ou à Virgem Maria.
“É uma Igreja que abriga uma expressão específica de devoção, atraindo peregrinos e oferecendo horários diversos para celebrações e atendimentos”, explica Amarildo.
O título de santuário é concedido pelo bispo local, após comprovação da importância religiosa e do fluxo de peregrinos. O Santuário de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Belém, é conhecido pela Novena em honra à Padroeira, realizada às terças-feiras.
Cada templo tem uma função específica na caminhada de fé, e seus nomes refletem a devoção e os santos padroeiros ali venerados.
*Por Rebeca Almeida, estagiária sob supervisão de Clarissa Bacellar*