Desde o início desta semana, a Energisa, empresa que assumiu a distribuição de energia elétrica em Rondônia e Acre recentemente, começou a distribuir as faturas do mês de fevereiro, referente ao consumo do mês de janeiro.
É a primeira fatura emitida após o reajuste médio de 25% da energia elétrica, implementado no último mês.
Com frio na barriga, os consumidores vão até o portão, para pegar o boleto. Afinal, em tempos de crise, receber um reajuste na conta cinco vezes maior que a inflação, é uma baita piada de mau gosto. É de assustar.
Talvez nada tão grave como o susto aplicado, pela mesma Energisa, no estado do Mato Grosso do Sul, onde atua há muito mais tempo.
Lá, uma família de três pessoas recebeu fatura no valor de R$ 79 mil.
Pisca-pisca
O morador de Campo Grande ficou assustado ao abrir a fatura da Energisa, da casa onde reside com a esposa e um bebê.
A conta, com vencimento em fevereiro, veio no valor de R$ 79.135,79, deixando a família surpresa.
Na casa não tem ar-condicionado e o único gasto “diferente” foi o pisca-pisca natalino que foi ligado nos últimos meses, não sendo o suficiente para justificar o valor.
A Energisa esclareceu o fato e disse se tratar de uma falha de impressão na emissão da fatura do cliente dentro do seu processo de análise de faturamento. Após correção, a conta veio no valor de R$101,22.
Já o consumidor Rondoniense não terá a mesma sorte.
Aumento de 57,5%
Em Porto Velho, moradores já começam a ter calafrios ao ver a nova conta de energia, e não vai adiantar reclamar. É pagar ou pagar.
A equipe do “Madeirão” foi em diversas regiões da capital para conversar com consumidores.
No bairro das Pedrinhas, um morador reclama o aumento de R$ 848 pagos, na fatura de janeiro, para R$ 1.336 a serem pagos na fatura de fevereiro. Aumento de 57,5%.
À queda e coice
Desde que assumiu, a Energisa se mostrou célere em interromper o fornecimento de energia aos clientes em atraso em Rondônia. Antes mesmo de chegar a segunda fatura, a tesoura entra em ação. Antes, o corte acontecia só quando chegava a terceira fatura. Com 10 dias após o vencimento da fatura, o consumidor tem o CPF negativado.
Sem energia, com o nome negativado e sem emprego. Pode parecer exagero, mas a postura da empresa em Rondônia irá causar o fechamento de milhares de postos de trabalho, como divulgou, ontem, a Federação das Pequenas Empresas (Feempi).
Na Justiça
O aumento da tarifa de energia elétrica anunciado pela Energisa – que chega a 27,5% para as empresas, em Rondônia – poderá resultar em 7 mil demissões diretas no Estado e afetar, em efeito dominó, cerca de 300 mil pessoas.
“A entidade está acionando a Justiça contra as novas tarifas, juntamente com o Ministério Público Estadual e Defensoria Pública, entre outras entidades”, informou o presidente da Feempi e do Sindicato da Micro e Pequena Indústria (Simpi), Leonardo Sobral.
“Somos mais de 94% dos CNPJ’s no estado com 81 mil pequenas empresas, e com cerca de 300 mil pessoas diretamente dependentes do nosso trabalho e não vamos ter como segurar as demissões”, alerta o dirigente.
Sobral ressalta que “O custo de energia elétrica no preço final do produto para as micro indústrias do segmento madeiro moveleiro, açougues, restaurantes, lanchonetes, panificadoras e pequenas mercearias é muito alto e o setor é refém de um só fornecedor do serviço no Estado.